Muitas vezes nós ficamos procurando por respostas nas nossas vidas, mas na verdade deveríamos estar revendo as nossas perguntas. Será que estamos formulando as verdadeiras e mais importantes questões para a nossa existência? Evoluir não significa apenas caminhar, mas principalmente refletir sobre os nossos passos, retroceder, rever e por vezes repaginar o que está sendo feito! Muitos dizem “a fila tem que andar”, como se não devêssemos refletir sobre aquilo que vivemos, como se fosse errado “perder tempo”, mas não é bem assim... Muitas vezes “a fila tem que aguardar”, pois a ordem ou a desordem dos fatos e das pessoas em nosso destino não estão exatamente no lugar em que deveriam estar e é preciso reorganizar a casa, os sentimentos e as decisões.
Os nossos medos podem nos tornar mais corajosos, as nossas fraquezas mais fortes, as nossas desilusões menos apegados as nossas projeções e fantasias, os desafios mais criativos. Olhar para dentro de nós mesmos requer coragem e muita, muita humildade! Aceitar as nossas imperfeições como parte integrante da nossa essência e amarmo-nos não apesar delas, mas especialmente por elas, nos faz entender que elas têm um precioso papel: Esvaziar o nosso ego. Quando esvaziamos justamente aquele que nos impulsiona ao orgulho, nos contaminamos menos com o que vem de fora e nos conectamos mais com o que vem de dentro.
Retroceder é libertador, faz-nos olhar o ontem com os olhos do amanhã e perceber onde podemos ser melhores hoje. Retroceder não quer dizer regredir, mas recuar para percebermos onde ainda estamos frágeis e, principalmente, meditar sobre quem verdadeiramente somos. Óbvio que não devemos ficar presos ao passado, mas tampouco jogá-lo no lixo, ele faz parte da nossa história. Economistas, historiadores, filósofos, psicólogos, sociólogos, médicos, antropólogos... Todos ao seu modo retrocederam para estudar, analisar e compreender o homem e a sua interação como o mundo. Só assim puderam revolucionar as suas áreas de atuação.
Nós também temos esse dever de retornar a nós mesmos, prestar mais atenção em nosso próprio reflexo, não como narcisos de modo superficial, mas com profundidade, mergulhando fundo nas nossas verdades. Só assim poderemos reescrever novas páginas com novas cores, novos hinos, novos poemas, como novas verdades e sonhos inusitados. Retroceder para se reinventar. Retroceder para viver de verdade!
(Lígia Guerra - Psicóloga especialista em Psicologia Analítica e Psicologia do Trabalho - E-mail: ligiaguerra@ligiaguerra.com)
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