"...O adoecer de um vínculo ocorre quando negligenciamos as necessidades emocionais de compreensão, companheirismo e afeto do outro. Podemos estar ao seu lado, mas não ouvimos seu mundo interno. Podemos estar juntos, mas não procuramos adentrar os seus sentimentos e ver como aquela criatura se encontra: se está triste, se está angustiada, ansiosa, preocupada... Não ouvimos o que está por detrás do sorriso que esconde uma tristeza muito grande, não raras vezes, mas que evita queixar-se com medo de perder a amizade, de ser inconveniente. Um vínculo adoece, noutros momentos, quando o outro percebe que se faz alguém descartável para nós – quando percebe que apenas estamos com ele, com ela, quando convém. Quando um vínculo adoece, pois, as expectativas de afeto e consideração por parte daquele a quem estamos vinculados não se vêem satisfeitas, preenchidas. Certamente que ninguém é o responsável pela felicidade do outro.
Entretanto, todos nós somos responsáveis pela quota de afeto que a nós cabe doarmos em relação a pessoas a quem nos vinculamos afetivamente.
Quando os vínculos adoecem, por conseguinte, eles dão lugar a sintomas que, em verdade, disfarçam seus verdadeiros motivos. O pai que reclama do filho, de sua desorganização ou falta de colaboração em casa, pode, pois, estar a queixar-se da falta de companheirismo e afeto por parte do filho. A mãe, que em suas atitudes acaba por ferir a liberdade da filha junto às amigas, justificando-se pela necessidade de limites por parte desta, pode estar, por sua vez, a cobrar mais carinho e consideração por parte de sua antiga companheira, que agora prefere as colegas de escola.
Quando não fazemos a leitura do que está realmente por detrás das palavras, não escutamos o mundo interno daquele que se vinculou a nós. Assim, por detrás de uma palavras hostil, carregada de raiva, sempre há um sentimento inconfessável, há uma queixa oculta que teme mostrar-se, que não se expõe por falta de habilidade emocional ou pelo medo da rejeição. Por detrás do azedume de algumas verbalizações, desse modo, existe a busca de ser preenchido por algo que o indivíduo julga não estar recebendo de nós.
Entretanto, todos nós somos responsáveis pela quota de afeto que a nós cabe doarmos em relação a pessoas a quem nos vinculamos afetivamente.
Quando os vínculos adoecem, por conseguinte, eles dão lugar a sintomas que, em verdade, disfarçam seus verdadeiros motivos. O pai que reclama do filho, de sua desorganização ou falta de colaboração em casa, pode, pois, estar a queixar-se da falta de companheirismo e afeto por parte do filho. A mãe, que em suas atitudes acaba por ferir a liberdade da filha junto às amigas, justificando-se pela necessidade de limites por parte desta, pode estar, por sua vez, a cobrar mais carinho e consideração por parte de sua antiga companheira, que agora prefere as colegas de escola.
Quando não fazemos a leitura do que está realmente por detrás das palavras, não escutamos o mundo interno daquele que se vinculou a nós. Assim, por detrás de uma palavras hostil, carregada de raiva, sempre há um sentimento inconfessável, há uma queixa oculta que teme mostrar-se, que não se expõe por falta de habilidade emocional ou pelo medo da rejeição. Por detrás do azedume de algumas verbalizações, desse modo, existe a busca de ser preenchido por algo que o indivíduo julga não estar recebendo de nós.
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Nossos vínculos estão doentes.... necessitando de nosso olhar, para então, podermos pensar cuidadosamente e com carinho sobre onde estamos canalizando em demasia nossas energias. Onde estamos concentrando nossos investimentos psíquicos, de forma a não restarem energias para aqueles que realmente precisam de nós? Em que, pois, se tem transformado nossas relações afetivas, de fato, em conexões, temporárias, fugazes e desinteressadas, ou em vínculos, perenes, responsáveis? Cada um de nós sabe, ao olharmos com cuidado para nossas vidas, onde estamos sendo negligentes com as pessoas ao nosso redor, onde poderíamos doar mais nosso afeto e nossas energias. Cada um de nós sabe qual pessoa está esperando algo de nós, um gesto, uma palavra, uma atitude amiga, uma escuta verdadeira, que saiba adentrar ao campo de experiência do outro, à sua forma de ver e sentir as coisas.
Se tu te encontras envolvido em discussões constantes e intérminas no seio familiar... Se tu se encontras diante de relacionamentos afetivos onde a hostilidade tem se apresentado com freqüência, torna-se imperioso o teu olhar cuidadoso, paciente e sincero para o que ocorre nesse instante de tua vida. Um olhar que não veja os argumentos das discussões, mas os sentimentos que estão por detrás deles. Uma escuta que não perceba as palavras, a razão, mas o coração. E então tu poderás começar a ver com clareza onde o adoecimento está se dando nos teus vínculos. Terás a oportunidade, finalmente, de detectar onde está o ferimento emocional que necessita ser tratado e curado."
OLIVEIRA, Adriano Machado (2008). Jovens e Adolescentes no Ensino Médio: sintomas de uma sistemática desvalorização das culturas juvenis. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Maria.
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