PENSAMENTO DO DIA

Prefiro andar pelos vales sombrios junto aos lobos, do que em campos floridos ao lado de falsos cordeiros. (Felipe Melliary)

REFLEXÃO

"Não é preciso ter muita coisa na vida, tendo noção já é meio caminho andado, pois gente sem noção dá muito trabalho!"

29 de setembro de 2019

PALAVRAS AO VENTO (Cacau Loureiro)













As letras se vão com o vento... Nas esquinas do mundo
não se encontram as palavras... o não dito maldito mata
ante os faróis acesos, pois que a noite caiu entre os homens.
A boa fé não cria as rimas sequer raízes, posto que as sílabas
estão mortas nas ruas desertas dos seres.
Palavras silenciadas nos guetos, o grito mudo e mordaz
corta as madrugadas que se estendem dias adentro.
Ante o fio da navalha a carne sangra... o peito cala.
Tento viver, sobreviver... choram as letras dos meus
versos perdidas nas esquinas deste mundo quase morto.
Todas as lágrimas não irrigam o solo seco dos desertos interiores,
pois no fosso dos malditos homens rotos nada nasce, nada cresce.
As feras estão soltas porque o discurso é de guerra nas arenas
febris do fanatismo, e doentes estamos, e seguimos em marcha
estendendo as bandeiras separatistas dos não humanos...
o que será que somos?!...
Os hinos de combate soam altos nas trombetas apocalípticas
dos senados e dos tribunais, os podres poderes silenciando a voz
da justiça que não existe e não se faz.

ANIMA MUNDI (Cacau Loureiro)















Maravilhoso é o mundo, o mundo que minha
alma conhece... o passado como vento forte
irrompe das minhas entranhas e vem dizer prossiga.
E como um cavalo indomável que com nervos e
músculos corre para Haras... para Éden prometido.
A lei impecável do destino, o martelo indomável
da justiça cintila como farol... fome que consome
toda a escuridão, lúmen que espanta meus olhos.
Sorrio fitando o horizonte porque sei que não há limites
para quem sonha. Meus pés no chão, poeira e pedras,
mas a estrada aponta para o infinito...
O meu espírito se abre para o sobrenatural!...
Ondas, calor, vozes que habitam o meu âmago falam
sobre os desertos e seus manás, a caravana invisível
que percorre toda a esfera vivente. E eu sei, eu tenho
a certeza, esta fé me impulsiona.
Invisível percorro dimensões, minha alma aberta, 
o meu corpo fechado... espírito liberto em ascensão!...

13 de abril de 2019

MEMÓRIAS (Cacau Loureiro)












Eu acredito ainda ouvir a tua música!...

Empenho-me numa forma de reencontrar nossas origens.
Por que há um pesar nesta aproximação com nossas raízes?
Nos subúrbios de minhas vontades, há os labirintos que temo,
há os subterrâneos que encaro.
E eu te olho através do espelho... há o expirar do tempo, há o
correr das horas, há o padecer das vontades...
Tento resguardar nossas memórias no ápice de momentos
que não vem, já não mais se repetem.
Eu quero os segundos que nos preservariam pela eternidade...
Espreito-te surpresa nesta jornada... porque ainda ocupas
meu universo ora sombrio?
Preparo com jasmim as águas do meu corpo. As flores ao teus
pés cultivadas com esmero desfalecem no desencontro
de nossas mãos, ante o distanciamento de nossos corpos.
Tento curar o meu espírito nos desejos que me consomem,
devaneios, loucura violentos apossam-me a verve...
convulsionam-me os pensamentos...
Erijo fortalezas, profiro preces, contudo elas não refazem
nossos antigos sons.
As tuas cifras ainda regem o meu peito, mas a tua música
dissonante impulsionam-me a alma à libertação!



5 de fevereiro de 2019

HIATO (Cacau Loureiro)




















Havia fadas, havia a aura luzente de promessas
infinitas... e minhas mãos, minhas mãos vazias
e o meu peito tão repleto... e eu agora ando a esmo
nas curvas do teu corpo e em tuas extremidades.
O supremo de minha alma desejando tudo o que
ficou para trás nas montanhas distantes onde
nascemos. Como éramos antes... eu preciso que
sejamos. Eu quero retornar ao meu verdadeiro
lar, segurar entre meus dedos o que se esvai
em teu silêncio, em teus movimentos vazios de
palavras, em teus pensamentos ausentes de nós.
E eu quero a voz e o sentido que dê razão as minhas
lutas e que dê vazão as minhas guerras.
Há um bosque sombrio a atravessar minhas estradas
quando meus versos tentam penetrar tua essência
no vigor violento das minhas temáticas tônicas.
E há os versos lassos nas estrofes que me guiam,
E hás as rimas apáticas no meu poema descompassado.
Estar ao teu lado é lacuna, lapso, clareira, hiato!...