Como cultivar neste solo seco que é o espírito humano? Como semear nesta terra que sabemos, há muito, não está arada? Os seres fecharam suas mãos para as sementes da bondade, os seus corações para a voz silenciosa de suas consciências. A demência do orgulho, o desatino do egoísmo, a busca desenfreada por nossas ambições turvaram nossas vistas para o horizonte de luz que o Criador nos preparou; nós como criaturas não somos dignas para com o verdadeiro presente que é a nossa existência neste planeta. Há conflitos por toda parte, a começar pelo seio de nossas famílias, a falta de diálogo, de compreensão, a falta de limites na educação que damos aos nossos jovens. Somos pais e não atentamos para as necessidades de nossos filhos, não as necessidades materiais, mas sim, as necessidades psicológicas, sociais e espirituais.
Cada um de nós tem uma fração da divindade, e, para descobrirmos o caminho do bem-estar, não precisamos professar religiões, a própria reflexão diante de nossas atitudes pode nos direcionar para o caminho do bem, da fraternidade e do respeito mútuos. Basta que olhemos ao nosso redor para sabermos o quanto o nosso próximo precisa de nós. Basta que percebamos como nos tratam os nossos vizinhos para nos conscientizar que precisamos ter uma outra postura diante do cosmo e do microcosmo. Que não é correto apontarmos os defeitos dos outros quando os nossos são tão evidentes e não queremos corrigir. Somos como ratos disputando palmo a palmo o esgoto em que transformamos o mundo.
A Terra precisa de cuidados, nossas casas precisam de cuidados, nossas crianças precisam de cuidados, nossos idosos precisam de cuidados, nossos espíritos precisam de cuidados, senão, nos perderemos no caminho e estaremos presos eternamente nesse vácuo que criamos dentro e ao redor de nós, continuaremos estacionados, estáticos diante da violência que impera em todos os âmbitos da sociedade, perplexos prosseguiremos diante dos escândalos políticos e acostumados seguiremos o chavão de que a justiça é para os pobres.
O mundo continua a sua marcha e o Criador com os seus desígnios; nos que somos Cristãos ainda podemos acreditar na justiça divina, contudo, temos que arregaçar as mangas e começar o trabalho da transformação interior, e, a partir daí, fazer a regeneração exterior. Não podemos continuar a passos de tartaruga, fleumáticos diante do estado caótico de nossos hospitais, de nossas escolas, de nosso país. Não é somente nas instituições educacionais ou corretivas que podemos aprender como ter retidão de caráter, clareza de espírito, a globalização cada vez mais nos traz outras realidades e perspectivas, a cada instante a vida nos chama à evolução, a raça humana foi feita para isto, para a evolução permanente. Pousemos sobre o mundo os nossos olhares, de esperança sim, mas também de idéias criativas e realmente voltadas para o trabalho de mudança, fitemos uma vez mais os nossos semelhantes colocando-nos em seus lugares seja de júbilo ou de sofrimento, assim conseguiremos ser mais humanos, mais atentos, mais solícitos para com as pessoas e para com este mundo que habitamos. Que possamos fazer jus à vida que nos foi presenteada com o objetivo de alcançarmos algo mais precioso, podemos deixar de lado a mania de perfeição, pois que algumas atitudes são tão simples, mas que procuremos sempre sermos dignos, justos, amigos, honestos e bondosos, estas são as grandes e largas estradas para alcançarmos o caminho do verdadeiro amor ao próximo.
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