PENSAMENTO DO DIA

"A arte, meus amigos, não é um espelho do mundo, é sim, uma ferramenta para consertá-lo." (Vladimir Maiakovski)

REFLEXÃO

"Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. (Drummond de Andrade)

21 de novembro de 2024

SEMENTES LUZ (Cacau Loureiro)


Há uma luz no fim do túnel... acreditemos

que essa sabedoria que reside em nós, é

força motriz a nos iluminar o espírito viajante.

O feixe das claridades nasce na alma, assim,

por onde andarmos, sejamos sol, posto que

não há sombras nas trilhas do bem.

Nos dias em que nos vemos abandonados,

levantemos o bastão da esperança porque

será ele que nos levantará do chão e calcará

estradas com novos significados.

Dias há em que o mundo nos vira as costas,

nessas horas pousemos o olhar no céu porque

é de lá que descerá a chuva da renovação,

fazendo-nos solo cultivado para os recomeços.

Quando as lágrimas dificultarem nossa visão,

descansemos as mãos sobre o coração porque

é nele que nascerão as sementes do perdão,

porque somos filhos estimados libertos em

compaixão e caridade.

As palavras sábias vêm do silêncio, pois, a

balbúrdia do mundo não nos dará direção, e

somente a contrição nos trará as respostas para

as palavras rudes e atitudes medíocres.

As pedras jogadas pelo caminho machucam

nossos pés, contudo, que as deixemos burilar

o espírito porque somente ele nos fará voar

por sobre o amplo sentido da Criação...

Basta olharmos para além dos campos, no vale

das altas montanhas avistemos os lírios que

tecem e contêm todas as belezas da Terra porque

o divino permanece em nós como herança.

Deixemos o vento soprar sobre o joio e o trigo,

olhemos para nossas mãos... somente ficarão

os haveres do belo que lançamos ao largo do

caminho!...

17 de outubro de 2024

DIVINO VENTO (Cacau Loureiro)

Rasgar a blusa, assim como rasgo o peito

e ir à luta... sangrando, sorrindo, cagando

e andando, pois, que ninguém nos vê como

realmente somos, pois há enganos...

Assim a vida vai rolando, arrastando planos,

levantando as folhas, movendo histórias,

desenhando sonhos e consumindo os anos

que tão bobos desperdiçamos.

E depois de conhecer os irascíveis, meu

intento é buscar um final ditoso, novas

diretrizes sem me importar se vão me

entender e o porquê de sermos tão felizes.

Olhar o horizonte e sair sem rumo, para

o começo ou para o fim do mundo, até

mudar de nome e na porta da rua quebrar

grilhões, romper cadeados, quem sabe

fazer um pacto de sangue.

Como kamikazes nos lançar nos alvos para

implodir os negros caminhos humanos, sermos

as chaves de caminhos fortuitos, no entanto,

de prodigiosos pontos futuros.

Descerrar os véus dos olhos, viver o grandioso

tempo das liberdades da alma, do verdadeiro

cultivo do espírito e em vento divino, abrir as

asas e planar sobre tudo e sobre todos, só eu 

e tu, o mar, o céu e a lua!...

15 de outubro de 2024

TAPATI (Cacau Loureiro)

O sol varreu minha estrada!...

Elevou-se no horizonte para

brindar a tua existência bonita.

Não posso mais imaginar esses

cominhos sem a tua presença

iluminada... porque a vida só

é boa contigo.

E os sons da natureza fazem

música em meus ouvidos, e eles

falam de trilhas encantadas, de

ritmos harmoniosos, pois, cantar

a existência contigo é fazer coral

para as maravilhas do universo.

Como eu pude pensar neste mundo

sem o teu abraço que descolou minha

alma das coisas rasas, fluidas deste

mundo vão, coloriu-me ante o preto e

branco da racionalidade desumanizada.

Pois, eu vi o segundo sol quando olhei

para teus olhos aquosos, brilhantes

como a maior estrela das galáxias.

Levito com tudo o que o teu sopro de

vida depositou em meu espírito...

preencheu vazios, despertou sonhos,

incutiu alegria em dias sombrios.

Fez renascer o divino em mim num

entusiasmo que me fez reconhecer

em graça, em luz e poesia de que

Deus só pode ser amor!...

19 de setembro de 2024

EU PROCURO VOCÊ (Cacau Loureiro)

 

A minha atitude incandescente

para com aquilo que dizes, em

mim, não é tão comum assim...

Porque não é normal gostar de um

jeito louco, de uma forma diferente,

apenas, a gente sente, acredites.

E é isso que eu quero que entendas,

sem preconcepções, ou amarras,

este é o meu apelo... como farol em

alta torre nos mares onde navegas.

Quero fazer-te sentir o quanto brilham

as estrelas do firmamento, o fogo

eterno do rei Sol dentro da noite, pois

que nenhuma noite é tão escura.

Que eu possa te ofertar um punhado 

do que sinto, do que tenho, de tudo o 

que quero e preciso.

Por isso te busco na noite... como

um refúgio, onde não há barreiras,

preconceitos, pudores, subterfúgios.

Conheces minha alma, sem atalhos, 

posto que aberta estou a ti, ao que

sentes, ao que esperas...

Sonho tão alto e tu não sabes que eu

posso sobrevoar todas as esferas, 

todos os planetas. 

A tua letra faz poesia em minha alma,

o teu sorriso, canção em meus ouvidos.

Quero ser, sem pretensão tão desmedida,

canção e poesia em teu coração, porque

escrevo sempre tentando te dar respostas.

Sigo-te por estes caminhos do mundo,

caminhos imensos, tortuosos, intolerantes.

E mesmo ao longe, tão longe, onde tu vives,

consigo como antena captar as ondas do 

teu riso.  

EU PROCURO VOCÊ!

Na tristeza do meu pranto...

na alegria do teu riso...

Encontro-te nas palavras, no vídeo da vida,

na tela do mundo, na dor, dentro da minha

própria alegoria, dentro do meu computador.

5 de setembro de 2024

CÃNTAROS (Cacau Loureiro)


Cantigas, cânticos, louvores, cantares!
Assim a vida vai perfumando os espaços, vai
também, como grãos do trigo germinando nos
guetos... E me nasceu um dia novo, irrompeu do
meu peito e como criança balbuciou os primeiros
sons... evoé, evoé, evoé!...
Bateu-me o sol no rosto e a luz banhou minha
alma traçando à frente, a trajetória das alianças,
das leniências benditas.
Há na natureza a brisa leve que me eleva além
dos contratempos do destino, aos sons do mundo
eu danço a coreografia dos pássaros que vão ao
carinho dos ventos numa amplidão de paisagens
que nos fazem diminutos ante a grandeza da criação.
Há um hino que desperta os milagres, presta atenção
aos sinais, há renascimento por todos os lados,
transições do homem ao prodigioso, elevação das
energias maiores que curam e salvam.
A alegria é semente que se espalha com a gratidão,
colhamos, portanto, os frutos da felicidade...
Há cântaros que sobejam água, óleos e perfumes,
sejamos e estejamos atentos ao sagrado em nós.
Amar, é elevar-se aos céus estando na Terra!...

4 de setembro de 2024

SOL MAIOR (Cacau Loureiro)

 

Todas as canções que ainda hei de

ouvir tem tuas rimas, som digital em

alto e bom tom como suas risadas

espontâneas de alguém que é real.

E a tua realeza está em tuas mãos

que regem os corais de meiguice em

notas de sândalo e tons de brancos

lírios que me devolveram a paz.

Há cifras desenhadas em aquarela

nos quadros que a vida ainda haverá

de pintar, mais belos, mais bonitos.

Mas, eu quero viver todas as promessas

contigo!...

Porque nos encontros das estações,

tecemos caminhos, escrevemos as

mais belas melodias, árias dos afetos

para louvar a existência, fazer jus ao

Criador, refrões para a imortalidade.

Há uma balada que conduz minhas

inspirações, poesia em ritmos de Sol

Maior nas pequenas coisas do dia a dia,

e, também, nos pesares do viramundo...

Que eu seja Sol Menor para que teu

dom maior para todo o sempre brilhe!

3 de setembro de 2024

CIRANDEIRA (Cacau Loureiro)

Em tuas mãos as arandelas de flores perfumadas,
coloridas pelo arco-íris dos teus olhos que me é
farol, guiando-me feito elevada lua, luzeiro que rasga
o negro cosmo numa iluminação de amor em
juramentos d’alma...
Em teu regaço onde me deito, a ciranda ritmada
faz-me vibrar da cabeça aos pés...
É a dança das rosas nas fitas abençoadas da
padroeira, cadenciando os ventos alvissareiros
dos milagres, andor em cortejo de sagração pelas
ruas que se abrem ao meu espírito viageiro no
perdido tempo das eras passadas.
Há um elo valoroso guardado por trás das Três
Marias, lá onde cintilam desejos, lá onde se
realizam as votivas, farol a acender as madrugadas
de fascínio enquanto crianças dormem sossegadas.
Alço os braços no bailado desta dança para a qual
me convocas, em cerimonial dos amores fiéis, festejos
de almas em cruzeiro de chamas cálidas, fundindo
emanações etéreas aos raios de sol que me adentram
o sagrado e iluminam-me as crenças por ti aromatizadas,
olor de incensos que me penetram narinas e poros
fazendo esta nova vida encantada.
Em tuas pequenas mãos, joias raras esculpidas em
valiosas ágatas... rosário de preces em gemas
multifacetadas. Mas, em teus anelos, ah! Cirandeira!
“...A pedra do teu anel brilha mais do que o sol...”

BENDITO (Cacau Loureiro)

 

Caminhos e estradas longínquos...

As rodas no asfalto também aceleram

o meu coração pressurizado.

O fumê das janelas, o âmbar dos teus

olhos constroem as paisagens mais

bonitas nesta viagem ao quântico,

paragens dos bons haveres.

Com quantos quilômetros se visita

uma saudade, se conhece o poder

de uma presença?!

A tua aura vibrante, o teu sorriso

luzente traz-me a madrugada em

alvorada de tantas luzes, pois, há

também um alvorecer dourado em meu

peito onde vibram cânticos litúrgicos

que se propagam como odes ao divino.

De nós ascendem rogativas aos céus, em

orações singelas, em vibrações de quem

transmutou o vinho da alma em pura paz.

Faróis na noite me adentram distâncias,

pistas sem rumos, curvas sem placas...

Contudo, tecem-me avenidas largas.

E os sinos tocam nos templos do bem,

guiando-me às catedrais onde ecoam

as vozes dos anjos... onde se agitam

os passos dos homens, onde renascem

as almas eternas, onde se ajuntam as

mãos do destino para que se possa

bendizer o amor!...

28 de agosto de 2024

O TEMPO E O VENTO (Cacau Loureiro)

Horas esparsas onde minhas lembranças

passeiam em teu sorriso flutuante.

O mar imenso que há em teus olhos inunda

também minhas águas abastadas...

O que farei desta viagem que não cabe mais

em mim, e como soprador selvagem adentra

florestas, movem as dunas do momento que

me segue lento por dentro?...

Saudade que macera, e faz correr estradas,

e faz mover a lua, mas, não se achega ao

teu corpo, ah! esses teus caminhos sinuosos

de desejos, de prazeres, de belezas!...

Eu abro as janelas e vejo as velozes luzes que

adentram minhas retinas e põem fogo em meu

peito e fazem arder minhas vontades.

E é o tempo, e é o vento a me prender contra

a parede da distância, aos quilômetros que 

me comovem, mas, movem-se devagar ante o

que corroeu meus dias de brancuras e de nadas...

ante minhas vistas, um holograma de ti remonta

momentos, em minhas veias as correntes fluidas

que me avivam a alma e faz brotar uma vida inteira

de esperas que me enchem as mãos de dádivas,

mas, que me pesam os pés como grilhões onde me

arrasto até onde estás e que me estacionam no trânsito

de tantos pensamentos, em emoções de um rumo só ...

em uma sexta-feira louca, quando eu corro demais,

corro ao encontro desta vontade... 

Vontade louca de te ver!!

7 de agosto de 2024

MANIFESTA (Cacau Loureiro)


Há uma gema preciosa a habitar este globo,

presença entre flores sarapintadas de alegria,

flora em espírito a refrescar-me dias candentes...

Mãos de fada em pirlimpimpim de mágicas a

transformar pedras em maná de consagração.

Manifestar-se dentre a exuberante sarça por

divinas mãos, moldada, é ter o dom de luzir estrelas,

tornando férteis o solo seco das amarguras hominais... 

Contemplo tuas paisagens exatas, vejo-te em

manifesta presença, raridade das estações aquosas

a matar a sede dos que buscam alimentos d’alma.

Eu esfrego entre meus dedos tua essência, feita de

lua e de sol e que risca um clarão no céu ofuscando

aquilo que não conceba benesses ou que cesse as

lembranças.

Brotam-me lírios de delírios como ouro de festa,

assim vivo “caetaneando” mais que demais teus

olhos de gueixa... Brilhante luz... Revelação!...



4 de julho de 2024

FLORES RARAS (Cacau Loureiro)

 

Eu vi tuas flores raras nascerem do teu sorriso

franco e suas pétalas seguem com o alísio para

se espraiarem pelo mundo... o mundo ideal que

sonhamos... com a paz que liberta como chuva

de rosas brancas, com o afeto que se expande

também colorido por ruas e avenidas nas quais

caminhamos para o amanhã e nos fez cruzar para

a edificação dos sentimentos súperos.

Pois, há um belíssimo sol a iluminar aqueles que

seguem os desígnios do Criador com bondade!...

Eu testemunho suas raízes crescerem com a 

força e a imponência dos que sobreviveram aos

incautos e às tempestades do não entendimento,

e sei que as águas límpidas dos amores maiores 

correm por suas veias porque isso te eleva entre os

homens também em humildade, faz-te planar sobre a

Terra como um grande espírito em busca de libertação.

Encontramo-nos por estas esquinas inóspitas dos

saberes humanos, mas, buscamos o conhecimento

ante as vicissitudes e percalços, pois que, descalços

limpamos nossos espíritos para melhores dias, estes

que cultivamos a cada nascer do sol, a cada gota de

orvalho que retempera a terra que nos suja os pés

e nos lava a alma...

Eu vejo tuas flores raras nas noites que descem sobre

meus olhos e que me acordam para as manhãs que

me renovam em esperança e alegria porque seus

aromas revigoram-me para a estrada e para o sonho...

Eu quero preparar o chão que nos leva ao futuro com a

firmeza daqueles que sabem o que querem, sob a égide

do divino que nos move em direção ao eterno, com as

flores raras do hoje a adornarem nossas cabeças porque

saberemos plantar o amor com dignidade...

11 de junho de 2024

PROMISSÃO (Cacau Loureiro)


Há um universo encantado onde pousa

meu espírito sonhador, há um encanto

a me movimentar pelas vielas desse

globo de fábulas.

Há uma menina de vestido colorido a

brincar pelas canções bonitas, pulando

amarelinha em meu mundo cor de rosa.

Há um cheiro de acácias a nos envolver,

nesta brincadeira de roda... o tempo-será

não haverá de brincar de esconde-esconde,

pois, os caminhos serão de descobertas

venturosas, portanto, era uma vez...

Teus olhos e sorriso comporão este arco

da aliança como girassol nos jardins dos

Homens, como arco-íris no céu depois das

tempestades, porque bonançoso os ventos

nascidos no desejo dos que sabem amar.

Adiante há os votos plasmados no invisível,

enraizados em nossos corações como átrios

de um castelo, fortemente protegido pela

esperança. E verdes são os ventos que nos

movem ao futuro, trilhas de bençãos e de

paz para fazer permanecer para sempre em

minha alma teus olhos promissores...

29 de abril de 2024

RECRIAR (Cacau Loureiro)

Ante a escuridão levantei meus olhos e
dentro da fumaça densa da noite eu
pude ver a luz nascer... Como o amor
pode nos levantar do limbo para um
amanhã profícuo!
Estradas quebradas, caminho desfeitos
também remendam e endireitam sonhos,
porque é preciso errar para reconstruir.
Estendo as mãos ao futuro para prover
aqueles que me chamam pelo afeto,
onde as máscaras realmente caem e
nos fazem ver a nós mesmos. Hoje
o meu espelho é aquele em que te
reflito e profundamente te vejo.
E eu que tanto plantei no passado para
colher no tempo presente tudo aquilo
que me cabe.
O mundo possui bifurcações que
nos confundem, mas, tudo é lição
e ensinamento, por isto, lanço-me
ao real aprendizado.
Eu só quero descansar minha cabeça
em teu peito honesto, berço onde ouço
as canções mais bonitas porque o teu
colo é repouso de alegria e refazimento.
A brisa penetra meus poros e faz
este concerto onde as constelações
cantam o teu belo universo.
Não, não há letras tortas neste hino o
qual te consagro... Pois, minhas rimas
correm para o teu rio de paz onde o
meu riso transborda esperança!...

24 de abril de 2024

REGALO (Cacau Loureiro)


Existe em ti uma trilha de sol, feixe luminoso a

toldar meu afeto e que cintila continuamente

em meu afetado coração.

A palavra que em ti encerra-se, chama-se bálsamo,

pois que és unguento sobre minha corrida vida,

assim como pura vida corre em ti!...

Mais fáceis são os rumos da ternura, não há

humana força que a cesse, posto que contagiosos

os laços feitos no eterno tempo que nos foge

das mãos como as horas.

Contudo, meus pensamentos correm, passam

na tela de encantado mundo como fita colorida

na dança das emoções...

Há um cântico de paz em teus lábios, há um

hino de amor em teus gestos, há louvores de

esperança em teus olhos.

Não há como suster a força que promana do

teu farto espírito, porque há em tua mansidão

as cifras da concórdia... quietude, repouso.

Em meu acelerado ventre só o teu cordial ser

faz-me perceber o vento, faz-me olhar para o céu.

No páramo que em ti diviso a lua é sempre cheia,

excelsa, bonita, prata rara num mundo de desvalor.

Para além do teu horizonte singular meu mar

segue argentado em força e graça preciosas.

Caminhos de margaridas florescem, quadrantes

de belezas sem par eu vislumbro.

Contigo... desconheço a solidão...

14 de março de 2024

ESPECIARIA (Cacau Loureiro)

Há uma lenta tarde a macerar as horas,

há um azul que viaja entre as nuvens

espalhando um verde de esperança

de que vou rever teus olhos âmbares...

de que eu irei tocar teu corpo quente.

A vésper morosa se aconchega no meu

peito fazendo-o queixar-se desse entardecer

que arde como febre terçã e que me causa

a tua falta...  horas mortas que se apresenta

ao sol que já vai alto também em meu seio.

Há um meio-dia que me parte ao meio, tira-me

do centro, descentraliza pensamentos, traz-me

sombras que dançam nas cavernas dos meus

sonhos exaustos, tão repletos de ti...

Na rede do tempo balanço as lembranças,

ando a esmo em tuas linhas belas, ilha de

plenos amores, oásis de suores escaldantes,

mar de beijos temperados, tão rara especiaria,

sal da vida!...

29 de fevereiro de 2024

ROSA-CHÁ (Cacau Loureiro)

Eu quero a tua poesia nua...

Nuez rosa, chá dos deuses...

Essa venusta nudez em que vive a tua alma,

que ora em vez profana as madrugadas e

transforma a feiticeira dama da noite sob a

luz azul da lua...

Eu quero despir em versos o áster que voa por

sobre minha matéria e intumesce meus mamilos,

eriça todos os meus pelos e tece lúbricas rimas,

deixando-me palavras no corpo.

Eu preciso da tua poesia nua...

Essa mesma nueza que incita meus olhos atônitos,

que ora em vez infringe as leis da física e me põe

ponta-cabeça e me deixa os pés na terra e a

cabeça entre nuvens.

Eu desejo a tua poesia nua...

Essa mesma sem adornos e, no entanto, realeza,

que ora em vez entrelaça fios de ouro em filigrana

de estrofes... e como libélula do crepúsculo cria

matizadas asas e me trama este poema nu de gozo.

28 de fevereiro de 2024

LUA NOVA (Cacau Loureiro)


Não morrerei por não falar... só sei que por

ti eu morro todo dia, sempre e um pouco

mais, e além, e tanto, no tanto quanto de

saudade que já não sei mais estar...

Sem ti nada fica no lugar, pois, há uma

dança que me nasce dentro e te põe para

fora em sorrisos que te dou de longe e que

te deixa mais perto. Só sei que te quero...

sempre quero, mas, te quero para ontem

porque o hoje já não me basta...

Há um amanhã de sofreguidão que pulsa

em meus poros e lateja em meu corpo,

em vida latente, neste céu incandescente

de lua cheia prateada em muitas cores.

Meus silêncios falam tanto nas manhãs em

que desperto com os raios do teu sol que

ora arde em meu peito dando-lhe o ritmo

das tardes de manso horizonte, este aceno de

despedida onde coloco minha vontade de estar...

Voo então ao teu amplexo, aquele mesmo que

num dia ameno fez-me nascer em ti, e assim fui

contigo, ali onde ficaste comigo para um até logo

que demorou tanto naquele abraço forte e que

na longa noite fez nascer tua lua nova em mim!...

22 de fevereiro de 2024

LUMINOSIDADE (Cacau Loureiro)

Guardei aquele beijo que tu me deste,

aquele que acordou meu espírito e

apascentou minha alma...

Meu pensamento viageiro busca-te

no vento, aragem que desalinha meus

cabelos e alinha meus passos.

Por quanto tempo eu te esperei já

não sei, as dores nos estacionam

entre pedras, mas, sempre que

olhamos para o alto, vislumbramos

o sol, num amplo céu em que podemos

atravessar vestidos de esperança e

revestidos pela fé.

E eu repousei no horizonte meus desejos,

aspirações de quem sempre soube amar

e sonhar com as promessas.

E diante de ti, estou de pé pelo respeito

e apreço aquilo que te fez fortaleza,

entre sombras e claridades que te fizeram

crescer e ir tão longe... em teus lábios eu

bebo o vinho das essências raras, néctar

de profundos aprendizados... deposito

ósculos em tuas mãos pacíficas, pois que,

a paz é desafio para os incautos, lição para

quem só enxergava os próprios pés...

oferto-te minha alegria simples ante teu

sorriso cristalino.

Na poeira espessa do destino a luz se

resguarda para os olhos semicerrados,

e tua vinda, tua chegada em meu caminho

foi como um pasmo de luminosidade!

FASCINAÇÃO (Cacau Loureiro)


A chuva cai abundante... através da vidraça

da janela eu avisto o meu jardim dantes

monocromático... agora, vistoso, alentado.

Lá onde a intempérie recai severa, as floradas

vigorosas levantam-se ao alto, num ato de

solidez e fortificação.

A bátega profusa em meus olhos fecunda

a tua chegada abastada, abrem os meus

canais aquosos para nos fazer ir a frente

e mais além.

Eu sigo os teus caminhos sinuosos das

águas férteis e tranquilas, pois que as

grandes viagens de dentro podem singrar

a alma sem sangrá-la... eu achei as rotas

das gaivotas de voos leves e tenazes em

busca dos lugares seguros onde há fluxos

límpidos, farnel para os famintos, ninho com

o frescor das novas madrugadas...

Houve trevas em meu viver, contudo, o tempo

dos raios solares chegou como lua nova de

iniciações em rituais e feitiços, mãos estendidas

em graça e doação.

Rezas que se elevam por dentre os véus da vênus

que te guia, nesta preamar do vai e vem do mundo,

onde descerro o teu sorriso farto, onde abro as

energias para o etéreo impermisto, votivas velas

nos mares da vida em clamores de gratidão.

Cativou-me, pois, com a tua alma encantada!...

 

20 de fevereiro de 2024

MADRIGAIS (Cacau Loureiro)


Eu vejo em tuas pequeninas mãos as sementes de

tudo o que é forte, de tudo o que é bom, de tudo

o que é belo e bonito!

Onde tocas, a vida renasce, a esperança vibra em

novas mudas... sob os toques sutis de quem sabe

plantar o novo com as velhas lições da vida...

Há um poder em tua vontade que derrama néctar

nas flores de canteiros esquecidos, um substrato

singular que fortalece as raízes do que ora sabes

fazer, frutificar para o amanhã.

Há cores e tons quando revolves a terra inabitada

onde outrora se transformou o meu âmago contrito, e

agora tão valente e insinuante que empoderado de si,

ele ergue a primavera em florais do tempo, como um

templo que edificas em mim com odes e louvações

de gratidão... ao ritmo de músicas de cifras novas e

ineditamente belas, onde toco o instante do destino,

porque amar tua apurada beleza, apreciar teu seio farto,

adentrar teus olhos claros, tocar tua pele macia, provar

teu beijo primoroso, é cultivar raros frutos na seara dos

amores mansos, é galgar um futuro bom em novos

campos, é fazer poesia em madrigais de boa sorte...

a música que eu sonho fazer florescer contigo,

delicada, formosa, em canção ternamente fina!...