PENSAMENTO DO DIA

Prefiro andar pelos vales sombrios junto aos lobos, do que em campos floridos ao lado de falsos cordeiros. (Felipe Melliary)

REFLEXÃO

"Não é preciso ter muita coisa na vida, tendo noção já é meio caminho andado, pois gente sem noção dá muito trabalho!"

24 de abril de 2024

REGALO (Cacau Loureiro)


Existe em ti uma trilha de sol, feixe luminoso a

toldar meu afeto e que cintila continuamente

em meu afetado coração.

A palavra que em ti encerra-se, chama-se bálsamo,

pois que és unguento sobre minha corrida vida,

assim como pura vida corre em ti!...

Mais fáceis são os rumos da ternura, não há

humana força que a cesse, posto que contagiosos

os laços feitos no eterno tempo que nos foge

das mãos como as horas.

Contudo, meus pensamentos correm, passam

na tela de encantado mundo como fita colorida

na dança das emoções...

Há um cântico de paz em teus lábios, há um

hino de amor em teus gestos, há louvores de

esperança em teus olhos.

Não há como suster a força que promana do

teu farto espírito, porque há em tua mansidão

as cifras da concórdia... quietude, repouso.

Em meu acelerado ventre só o teu cordial ser

faz-me perceber o vento, faz-me olhar para o céu.

No páramo que em ti diviso a lua é sempre cheia,

excelsa, bonita, prata rara num mundo de desvalor.

Para além do teu horizonte singular meu mar

segue argentado em força e graça preciosas.

Caminhos de margaridas florescem, quadrantes

de belezas sem par eu vislumbro.

Contigo... desconheço a solidão...

14 de março de 2024

ESPECIARIA (Cacau Loureiro)

Há uma lenta tarde a macerar as horas,

há um azul que viaja entre as nuvens

espalhando um verde de esperança

de que vou rever teus olhos âmbares...

de que eu irei tocar teu corpo quente.

A vésper morosa se aconchega no meu

peito fazendo-o queixar-se desse entardecer

que arde como febre terçã e que me causa

a tua falta...  horas mortas que se apresenta

ao sol que já vai alto também em meu seio.

Há um meio-dia que me parte ao meio, tira-me

do centro, descentraliza pensamentos, traz-me

sombras que dançam nas cavernas dos meus

sonhos exaustos, tão repletos de ti...

Na rede do tempo balanço as lembranças,

ando a esmo em tuas linhas belas, ilha de

plenos amores, oásis de suores escaldantes,

mar de beijos temperados, tão rara especiaria,

sal da vida!...

29 de fevereiro de 2024

ROSA-CHÁ (Cacau Loureiro)

Eu quero a tua poesia nua...

Nuez rosa, chá dos deuses...

Essa venusta nudez em que vive a tua alma,

que ora em vez profana as madrugadas e

transforma a feiticeira dama da noite sob a

luz azul da lua...

Eu quero despir em versos o áster que voa por

sobre minha matéria e intumesce meus mamilos,

eriça todos os meus pelos e tece lúbricas rimas,

deixando-me palavras no corpo.

Eu preciso da tua poesia nua...

Essa mesma nueza que incita meus olhos atônitos,

que ora em vez infringe as leis da física e me põe

ponta-cabeça e me deixa os pés na terra e a

cabeça entre nuvens.

Eu desejo a tua poesia nua...

Essa mesma sem adornos e, no entanto, realeza,

que ora em vez entrelaça fios de ouro em filigrana

de estrofes... e como libélula do crepúsculo cria

matizadas asas e me trama este poema nu de gozo.

28 de fevereiro de 2024

LUA NOVA (Cacau Loureiro)


Não morrerei por não falar... só sei que por

ti eu morro todo dia, sempre e um pouco

mais, e além, e tanto, no tanto quanto de

saudade que já não sei mais estar...

Sem ti nada fica no lugar, pois, há uma

dança que me nasce dentro e te põe para

fora em sorrisos que te dou de longe e que

te deixa mais perto. Só sei que te quero...

sempre quero, mas, te quero para ontem

porque o hoje já não me basta...

Há um amanhã de sofreguidão que pulsa

em meus poros e lateja em meu corpo,

em vida latente, neste céu incandescente

de lua cheia prateada em muitas cores.

Meus silêncios falam tanto nas manhãs em

que desperto com os raios do teu sol que

ora arde em meu peito dando-lhe o ritmo

das tardes de manso horizonte, este aceno de

despedida onde coloco minha vontade de estar...

Voo então ao teu amplexo, aquele mesmo que

num dia ameno fez-me nascer em ti, e assim fui

contigo, ali onde ficaste comigo para um até logo

que demorou tanto naquele abraço forte e que

na longa noite fez nascer tua lua nova em mim!...

22 de fevereiro de 2024

LUMINOSIDADE (Cacau Loureiro)

Guardei aquele beijo que tu me deste,

aquele que acordou meu espírito e

apascentou minha alma...

Meu pensamento viageiro busca-te

no vento, aragem que desalinha meus

cabelos e alinha meus passos.

Por quanto tempo eu te esperei já

não sei, as dores nos estacionam

entre pedras, mas, sempre que

olhamos para o alto, vislumbramos

o sol, num amplo céu em que podemos

atravessar vestidos de esperança e

revestidos pela fé.

E eu repousei no horizonte meus desejos,

aspirações de quem sempre soube amar

e sonhar com as promessas.

E diante de ti, estou de pé pelo respeito

e apreço aquilo que te fez fortaleza,

entre sombras e claridades que te fizeram

crescer e ir tão longe... em teus lábios eu

bebo o vinho das essências raras, néctar

de profundos aprendizados... deposito

ósculos em tuas mãos pacíficas, pois que,

a paz é desafio para os incautos, lição para

quem só enxergava os próprios pés...

oferto-te minha alegria simples ante teu

sorriso cristalino.

Na poeira espessa do destino a luz se

resguarda para os olhos semicerrados,

e tua vinda, tua chegada em meu caminho

foi como um pasmo de luminosidade!

FASCINAÇÃO (Cacau Loureiro)


A chuva cai abundante... através da vidraça

da janela eu avisto o meu jardim dantes

monocromático... agora, vistoso, alentado.

Lá onde a intempérie recai severa, as floradas

vigorosas levantam-se ao alto, num ato de

solidez e fortificação.

A bátega profusa em meus olhos fecunda

a tua chegada abastada, abrem os meus

canais aquosos para nos fazer ir a frente

e mais além.

Eu sigo os teus caminhos sinuosos das

águas férteis e tranquilas, pois que as

grandes viagens de dentro podem singrar

a alma sem sangrá-la... eu achei as rotas

das gaivotas de voos leves e tenazes em

busca dos lugares seguros onde há fluxos

límpidos, farnel para os famintos, ninho com

o frescor das novas madrugadas...

Houve trevas em meu viver, contudo, o tempo

dos raios solares chegou como lua nova de

iniciações em rituais e feitiços, mãos estendidas

em graça e doação.

Rezas que se elevam por dentre os véus da vênus

que te guia, nesta preamar do vai e vem do mundo,

onde descerro o teu sorriso farto, onde abro as

energias para o etéreo impermisto, votivas velas

nos mares da vida em clamores de gratidão.

Cativou-me, pois, com a tua alma encantada!...

 

20 de fevereiro de 2024

MADRIGAIS (Cacau Loureiro)


Eu vejo em tuas pequeninas mãos as sementes de

tudo o que é forte, de tudo o que é bom, de tudo

o que é belo e bonito!

Onde tocas, a vida renasce, a esperança vibra em

novas mudas... sob os toques sutis de quem sabe

plantar o novo com as velhas lições da vida...

Há um poder em tua vontade que derrama néctar

nas flores de canteiros esquecidos, um substrato

singular que fortalece as raízes do que ora sabes

fazer, frutificar para o amanhã.

Há cores e tons quando revolves a terra inabitada

onde outrora se transformou o meu âmago contrito, e

agora tão valente e insinuante que empoderado de si,

ele ergue a primavera em florais do tempo, como um

templo que edificas em mim com odes e louvações

de gratidão... ao ritmo de músicas de cifras novas e

ineditamente belas, onde toco o instante do destino,

porque amar tua apurada beleza, apreciar teu seio farto,

adentrar teus olhos claros, tocar tua pele macia, provar

teu beijo primoroso, é cultivar raros frutos na seara dos

amores mansos, é galgar um futuro bom em novos

campos, é fazer poesia em madrigais de boa sorte...

a música que eu sonho fazer florescer contigo,

delicada, formosa, em canção ternamente fina!...

7 de fevereiro de 2024

BEL-PRAZER |(Cacau Loureiro)

Esta semente que cresce e germina em saudade,

é frágil, mas, perante a luz que promana dos teus

olhares férteis, do teu sorriso de águas nítidas,

faz-me fincar as raízes fortes dos sentimentos

puros, cristalinos, longevos.

As roupas envelhecidas, os jeans desbotados

são mudas esquecidas no sótão das lembranças

nebulosas, mas, o presente me é vestido novo

onde trajo o âmbar dos teus olhos profundos...

Corações arfantes, ventrículos consonantes,

respirados em partes que ora são tuas ora são

minhas preces... balbuciantes vendavais onde se

misturam carne e ossos, dentes e músculos...

espíritos em convergência de misteriosos sinais...

Veleiros são teus lábios molhados fazendo-me

singrar os mares dos desejos, ponte para os amores

reais e benfazejos, lá onde nascem os austrais.

Há um verde singular onde floresce tua relva, há um

colorido ímpar onde admiro tuas rosáceas flores,

bárbaras e belas são as tuas lavras, terras do sem fim

onde me acho e também me perco.

Não sei para onde voo e para onde vou, nos confins

do teu corpo quente há a seiva que me volve para a

terra, mas, esquecer-me em ti é bom alvitre, é correr

de tempo bom em minhas veias, é beberagem aquosa

de cura, cônscio bel-prazer onde tudo me lembra você!

6 de fevereiro de 2024

FEBO (Cacau Loureiro)


Pra ver o sol brilhar eu acreditei que tu

virias, e assim, eu dei as mãos à solidão

para aprender que muitas vezes estamos

sozinhos acompanhados...

Ouvi a voz dos ventos para perceber que a

vida só é vivida em plenitude quando temos

o despertamento de que somente em espírito

vislumbramos o divino em nós, e dessa forma

acontecem os milagres que esperamos e que

acreditamos merecer.

Ir além de nós mesmos para enxergar o outro

e os olhos poderem ver o astro rei brilhar em

nós como estrela luzente que chameja nos

corações que esperam em afeições e claridades.

E clareou um novo tempo em corpo e alma para

elevar quididades em êxtase de devoção e

respeito, dessa forma a vida plena acontece

sem ilusões, apenas com a certeza de que é

dando que se recebe amor primevo e primeiro

em palavras reais, em comoções profundas.

Para ver este sol brilhar, eu acreditei que tu

virias sem devaneios... para segurar em minhas

mãos e me soprar o amor...

1 de fevereiro de 2024

REDIVIVO (Cacau Loureiro)


Em oração eu te recebo, em nome do Pai, do Filho

e do Espírito Santo...

E ante os passos de Jesus em canto o hino da

vitória, pois, só quem entendeu os caminhos da

paz e da generosidade é que saberá entoar as odes

da salvação porque só se faz rima e eco em caridade.

A ave que sobrevoou as nossas frontes em batismo é

livre para fazer a sua rota, pois, o livre arbítrio é

responsabilidade e escolha, jornada que só se

constrói em doação, por isso, em preces elevo o

meu pensamento aos anjos guardiães para que eles,

te inspirem, te guiem e te aconselhem na jornada da

existência neste globo.

No traçado dos caminhos de pedras também as

águas fazem suas sendas, refrigerando os pés

descalços das almas nuas, assim como a tua.

Espalmo as minhas mãos em teu peito farto,

não falto de fé para te dizer do amor que me

renova todos os dias para a luta e para a vida,

esta mesma vida abundante que há em ti. E

que seja assim.

E que a abundância próspera te erga em

humildade porque só os pequeninos tem

acesso ao inefável Amado Mestre, o grande

Senhor do tempo.

E que o tempo de Deus nos seja aprendizado e

também promessa porque somos seus filhos muito

amados, e, que no amor por nós partilhado possamos

ser simples exemplos de que somente o verdadeiro

amor salva, liberta e vivifica.

31 de janeiro de 2024

BEIJA-FLOR (Cacau Loureiro)

 

Meu coração partiu do antiquado como as areias ao

bel prazer das borrascas, assim, como nos desertos,

devemos ficar o ciclo necessário... pois, escaldantes

dias, friorentas noites.

O tempo e o vento avelhantados, mortos, desbotados...

E eu divisei uma brilhante estrela num céu de negrume

intenso e de ferozes tempestades... e assim a luzidia eu

segui, porque facho de luz é a esperança... a de que

merecemos o melhor que há na Terra, porquanto, nos

ligamos ao sagrado com a força da renovação em coragem

para encarar o real que somos ou queremos nos tornar.

Lá onde a brisa dos novos sonhos resolveu refrescar,

eu abri as janelas do seu olhar... e o alísio me lançou as

toadas dos grandes enlaces, das doces melodias que

refazem os espíritos combalidos em nobres amores.

Lanço fitas no ar, faz-se canção em meus ouvidos,

há ritmo em meus pés e rimas em meu coração.

Entre os coloridos das saias rodadas onde te danço em

promessas e nas curvas do teu corpo, eu descortinei tua

alma vasta, honesta, colorida, bela.

Nesta cantiga de roda eu bailo na ciranda da rosa vermelha,

também, nas das flores amarelas onde o teu sorriso é cravo

branco que bem me cheira a bem-me-quer... Vem beija-flor!

dá-me um beijo que eu te entrelaço em meu abraço!...

 

RUTILANTE (Cacau Loureiro)

 

Eu sigo pela vida achando caminhos, as

vias nítidas do sei que nada sei...

Passado cruzando os meus lumes, mas,

ainda, sorrindo eu sigo nos trechos dos teus

olhos que me veem como eu sou...

As tuas mãos abertas mostram-me as

clareiras da vida que me levam ao

encontro das flores perfumadas, exalações

vitais das almas afins em emanações que

o tempo de aprendizado pousou em teus

cabelos, e beijou os teus labelos com afeto,

cuidados em hálito de devoção...

Ah! Há a fluidez límpida que me compõe o

teu riso refrescante, corrente onde mergulho

anseios... borbulham prazeres.

Rumos claros, águas claras onde te amando

eu sigo... E assim, eu vou... passam os ventos

da primavera, mas, permanecem teus eflúvios

como um sol que deixa o meu espírito em êxtase,

e faz perdurar a chuva que me limpa as lágrimas

doridas... e resiste o vento forte que me traz a

fragrância bonita da vida que resplende em ti!

19 de janeiro de 2024

ÚBERE (Cacau Loureiro)

 

É preciso dizer que eu te amo, não na esfera

dessas três palavras, eu te amo... seria pouco

resumir o que por ti nutro no âmbito do verbo simples...

Eu, como poetisa busquei apreender o amor nas

canções do mundo, nos sons da natureza, no ritmo

dos caminhos de tantos afetos... nos saberes do vento,

do sol, da chuva. Mas, nada se compara quando tu me

vens sorrindo radiante com as flores da existência nos

braços, com o fulgor da vida nos olhos, com as

promessas divinas em teus gestos, em tuas mãos...

E eu vim correndo pelas margens dos rios que me

nasceram de tua essência bela, úbere, guiada pelas sedas

de tuas vestes sublimes, em azul pari passu com o céu.

Em tua clara tez eu mergulho nos rumos que só os

grandes mares me levariam... singrando as águas

profundas do ser a nos buscar através do que somos.

E eu vejo tanto neste horizonte a que me destinas,

miragem onde inocente eu brinco de ter sorte, onde

o passado como areia fina a lufada levou.

A mão do destino pousou em meu peito, acordou-me

para o tempo, a estrada, o sonho...

Ah! Eu vim correndo para te dizer que te amando eu

vou, no voo do vento lépido que toca os teus cabelos!... 

18 de janeiro de 2024

CONDUZ-ME (Cacau Loureiro)


E o tempo abriu-se... e fez subir o sol...

Doravante, há um caminho iluminado a seguir.

Alegria estampada no rosto, palavras plasmadas

na alma, tecendo manhãs ensolaradas e tardes

prateadas, tão repletas de ti.

Há um bem querer salivando na boca, alinhavado

nos beijos que nos nascem da saudade, nua como

tu, em cheiros e odores raros, liquefeitos.

E o teu calor me bronzeia a pele com as cores de

um pôr de sol encantado... lentas horas que me

presenteiam com as tuas noites belas, com o teu

sorriso que me atravessa de ponta a ponta, liga-me

ao céu estando na terra.

E os teus olhos me brilham criando respiros

profundos onde tez e músculos são revigorados,

moldados num amanhã perfumado de tantas

vontades... de não partir, de nunca mais olvidar

de tuas linhas, de teus matizes, em policromia de

sentimentos que irrompem universos, em caos

onde se originam planetas, moradas das afeições

humanas, mas, também, viagem para os grandes

e inesquecíveis amores... Eu te vejo, cadente no

infinito azul como estrela que se move em mim...

Conduz-me, pois...

Leva-me contigo!...

11 de janeiro de 2024

OLÍBANO (Cacau Loureiro)

 

Eu me insinuo por entre suas pernas... abraços

repletos das texturas das sedas, onde tuas

mãos semeiam amor com cuidados!...

Há um plantio de afeto nos quintais do tempo,

nesse tempo que nos é presente, pois, a arte

de amar é semente generosa... erva curativa.

Cálice, corola, estames e carpelos a me

completarem o florescer das venturas.

Sou sonhadora em teus olhos abertos que me

clareiam as sombras, afastam as pedras dos

meus padeceres sombrios.

Há um solo fecundo fazendo germinar uma

claridade entre as flores da primavera que

me nasceu depois de tuas cores várias, dos

teus matizes nobres e que me deixa iluminada

como fanais nos sete mares da vida, como a

a fusão das sete cores do arco-íris.

Há uma luminescência que atravessou o meu

eixo, fez-me ver que me infundir em seus olhos,

é como aromático azeite, óleo essencial de cura,

é bálsamo-tranquilo!...





9 de janeiro de 2024

LUAR DE SOL (Cacau Loureiro)


As ruas da cidade atravessam o meu peito, e me

trazem um luar de melancólicas canções mágicas e

faz soar em meu coração a saudade de tuas vias

marginais, sensoriais e pródigas...

Os teus olhos como um sol abrasa a minha pele,

esquenta estas noites de ti tão estreladas e faz

assim surgir a aurora boreal em sabores inarráveis,

espraiando em meu céu da boca as tuas amplas e

densas águas...

Eu vejo um pôr do sol entre as cortinas do teu repleto

riso onde a lua se esconde querendo aparecer em teu

bonito rosto, mesclando as estrelas e o firmamento lauto

e monta este cenário de vida e de abundância...

E a noite me molha a boca com orvalho desse tempo lento

fazendo-me adormecer em teu abraço vasto e forte quando

o luar de sol me deita no teu beijo!

8 de janeiro de 2024

SITIADA (Cacau Loureiro)

Eu abracei a saudade com respeito, nesta vida não há

nada que se possa dispensar...

Nas ondas desses mares que me fizeste conhecer, suas

ondas bateram em meu peito, em minha verve sedenta

desta viagem de caminhos luminosos em teu singular por

de sol... onde a prateada arrebentação agora, de fato, me

apresenta o satélite que pousou em teus olhos e mareou este

meu coração circundado de pedras... das conchas vazias e de

barulhos imensos que me ensinam a música do teu universo

risonho, criança grande de sonhos.

Horizonte e águas salgadas são tão próximos, amigos irmãos

marinheiros das distâncias, navegantes do além mar...

Há uma cantiga a ressoar em meus ouvidos onde o vento cria

seus ritmos em meu rosto, em minha pele, em meu corpo.

Eu deposito oferendas neste oceano de apegos, por onde todas

as canções da areia são versos para ti... e há as flores perfumadas

que correm para os teus braços, e há os ramalhetes de afeto que

me levam ao teu calor, às tuas águas ardentes, candentes, cheias.

Avisto o céu neste silêncio-solidão da lua, lá há apenas uma estrela

que me traz o teu sorriso estrondoso como fogos de artifício em noite

de festivo réveillon.

Profundos são os caminhos dos espelhos d’água que intercalam

mergulhos e transições do tempo nas águas revoltas das lembranças...

A esmo eu ando morrendo de saudade, ando correndo dessa sitiada

cidade indo ao encontro a ausência que me lava a cara, não a alma...

Tantos verões adormeceram em mim pra te acordar em saudades,

num futuro que já despertou em meu ser a tua presença agora

inesquecível!