PENSAMENTO DO DIA

"A arte, meus amigos, não é um espelho do mundo, é sim, uma ferramenta para consertá-lo." (Vladimir Maiakovski)

REFLEXÃO

"Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. (Drummond de Andrade)

27 de fevereiro de 2010

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA (Wagner Borges)


A jogada mais linda de todas

(Todo Tempo é Tempo de Crescer!)

O mundo está cheio de sonâmbulos.
Sim, isso mesmo!
O que tem de gente semiconsciente zanzando por aí, não é brincadeira, não.
E o pior é que eles pensam que estão acordados.
Contudo, a quantidade de gente hipnotizada é enorme.
É gente que não pensa e apenas gravita em torno das percepções limitadas que os seus sentidos físicos lhes proporcionam.
E isso é um problema, pois, quando a Dona Morte chega e bate o ponto, esse pessoal se vê perdido no Astral.
Como seus sentidos materiais feneceram junto com o corpo, eles não sabem como operar com os sentidos espirituais.
Por isso, é de partir o coração ver essa galera chorando de montão, perdida nas brumas de seus condicionamentos limitantes.
A Dona Morte não é de brincadeira, não!
Quem vive na carne, que se cuide.
Viver não é só comer, beber, dormir, copular e, um dia, finalmente, morrer...
Viver é muito mais e não cabe numa só vida.
E é triste só descobrir isso após a chegada da Dona Morte.
Despertar é preciso!
Até mesmo para amar melhor e se sentir mais vivo.
Porque a vida é preciosa; e sempre continua...
...Não há mantra que desperte quem não quer crescer.
E nem o Papai do Céu interfere no livre-arbítrio de ninguém.
Cada um é o que é! E isso determina o rumo de seu viver...
Tudo é causa gerando efeito: o que se pensa, o que se sente e o que se faz.
Isso é o que determina por onde alguém segue...
Felicidade ou tristeza? Isso é de cada um.
O Papai do Céu não tem nada a ver com isso.
Amor de verdade ou rolo emocional?
Só o coração é que sabe... E a escolha é de cada um.
Despertar da consciência ou mumificação do raciocínio e da sensibilidade?
Ah, quem for zumbi nem mesmo conseguirá entender isso. E quem for esperto (e desperto), apenas dará uma boa risada.
Despertar é preciso!
E o Papai do Céu não se mete, mas sempre ri quando alguém compreende isso.
Aí, Ele diz: "Bem-Aventurados os que estão acordados!"
E a Companhia do Amor arremata, na veia, de voleio, e diz:
"Quem vive na carne, que se cuide. Porque todo tempo é tempo de crescer."

(Wagner Borges é pesquisador, conferencista e instrutor de cursos de Projeciologia e autor de livros - Site: http://www.ippb.org.br/)

25 de fevereiro de 2010

SALMO DÉCIMO SEGUNDO (Cacau Loureiro)


Senhor, o adversário anda à espreita e sua
face é horrenda, por isso, clamo-te para me
auxiliar neste litígio.
Lança a tua luz sobre as sombras e desmascare
o pérfido e embaralhe os caminhos do maléfico
para que ele não me esbarre.
A perversidade prolifera nos lodaçais dos anticristos,
portando, desça teu cajado sobre os genuínos e
guarde-os dos dissabores.
O inimigo é irônico e esconde-se sob pele de
cordeiro para mistificar os simples, para falsear
palavras com olhares de bondade intentando
atraiçoar os que têm coração apurado.
Os olhos do impostor usam lentes que dissimulam
o fel que contamina o seu sangue e de toda a sua
geração corrompida.
Usa o teu manto Senhor para interceptar toda a

cólera que habita o coração do hostil, afaste-o
Grande Pai como separas o joio do trigo, lança a
chama da tua justiça para lhos mostrar de quem
é todo poder e glória.
O desleal sorri aguardando a hora da abstração
para envenenar todo o repasto, lança, pois tua
reprimenda com severidade sobre o seu dossel
de ostentação e insensatez
Cinge Senhor a cabeça dos teus criados para
que o adverso recue ante o teu conhecimento
sobre nós.
Ampara-nos oh, Eterno nas horas de dúvida para
que o pernicioso não se infiltre em nossas lonas.
Guarda-nos oh Pai, protege-nos, defenda-nos,
guia-nos e salvaguarde-nos de toda maldição
sobre nós lançada. Assim seja!

COMPROMISSO (Marie T. Russel)


Às vezes, parece que a palavra compromisso é um palavrão. Qual será o medo subjacente a nos comprometermos com ações, projetos, relacionamentos? Será o medo do desconhecido... ou será que saber que tudo está mudando nos leva a acreditar que não podemos, honestamente, prometer nada, já que não sabemos o dia de amanhã... Ou será que nós nos comprometemos com coisas que não temos realmente vontade de fazer?
Na metafísica, sabemos que criamos (atraímos) nossa realidade. Assim, se nos comprometemos com algo – e se este algo é aquilo de que realmente gostamos e que queremos fazer, então conseqüentemente criaremos/atrairemos este evento ou ocorrência, com resultados positivos. O que importa é nos comprometermos apenas com as coisas que realmente nos atraem ou – como alguém me disse recentemente – com aquelas coisas que cantam para nós. Quando nos comprometemos com uma causa que significa muito para nós, o compromisso ajuda a nos levar adiante, a nós e ao projeto, com energia e vitalidade.
Então, como saber com que nos comprometermos? Quando algo ressoar em seu coração, quando cantar para você, quando o afetar profundamente, você saberá como comprometer-se de todo o coração com este algo. É importante não submeter nosso tempo e energia a coisas que não significam nada para nós, já que estas coisas esgotam nossa energia. É importante saber com clareza se a motivação para fazer algo vem do coração ou da mente... é um desejo ou uma obrigação? Se você se compromete com alguma coisa porque ela verdadeiramente o atrai, ela lhe trará prazer, saúde, satisfação e abundância. É claro que existem, às vezes, obstáculos colocados por pensamentos inconscientes. Pode ser que você tenha um roteiro inconsciente que lhe diz: "Eu não sou suficientemente bom... Toda vez que eu tento alguma coisa, não dá certo..." Estes programas subconscientes foram implantados em nosso cérebro por professores, amigos, pais e por nós mesmos. Você se lembra de ter "falhado" em alguma coisa e de ter ouvido a si mesmo dizendo: "Eu então, talvez seja esta uma das razões pelas quais as pessoas temem assumir compromissos... elas têm medo do insucesso e da decepção. Se eu não tiver expectativas, não terei decepções... Bem, isto pode ser verdade, mas, ainda assim, se você não tiver sonhos, como poderá realizar seus sonhos? Temos que dar permissão a nós mesmos para viver nossos sonhos integralmente... para realmente nos arriscarmos pelas coisas em que nosso coração verdadeiramente acredita e deseja, e para seguir as inclinações do nosso coração.
Quando ouvimos este guia interior, esta sabedoria interior, não precisamos temer os compromissos, porque estaremos nos comprometendo apenas com as coisas que cantam para nós e que são parte integrante do nosso sonho do céu na terra.
Um dos meus autores favoritos, Jack Kornfield, escreveu um livro intitulado "O Caminho do Coração". É isto que precisamos fazer. Ouvir cuidadosamente as mensagens do nosso coração, da nossa alma, da sabedoria interior, e seguir o caminho do coração.
Há o compromisso com o próprio ser, o compromisso com os outros, e o compromisso com o bem maior. Nestes nossos tempos, todos os três têm que ser levados em consideração, já que estão inevitavelmente entrelaçados. Você não pode comprometer-se com o próprio ser sem se comprometer com os outros e com o bem maior, já que todos somos parte do mesmo universo. Somos todos células do grande corpo deste Universo. Quer você nos veja como formigas vivendo no cosmo, ou como células do corpo do Divino ou, simplesmente, como atores desempenhando o papel que escolhemos, ainda assim, estamos todos conectados. O que você diz e faz afeta a todos aqueles que são tocados por suas palavras e ações e que, por sua vez, afetam outros, que afetam outros e assim por diante. A energia nunca é destruída, ela simplesmente continua a se mover, continua a ser transformada em outra percepção, outra forma, outra expressão...
A maior contribuição que podemos trazer para os desafios que existem em todas estas áreas é nossa sabedoria, nossa coragem. Sem elas, perpetuamos os problemas; com elas, podemos começar a transformar o mundo... Podemos penetrar na área da política com a integridade de cidadãos do mundo e a sabedoria de um bodhissatva, um ser comprometido com o despertar de todos. Só poderemos trazer nossa prática espiritual para as ruas, para nossas comunidades, quando virmos que cada setor é um templo, um lugar onde se pode descobrir o sagrado. Suponhamos que você passe a considerar como membros deste planeta que chamamos de Terra, temos um compromisso a assumir... Temos muitos... para com o nosso ser, para com os outros, e para com o bem maior. Cada um de nós tem um papel a desempenhar... todos diferentes. Não estamos aqui para copiar ninguém, apenas para descobrir nossa própria verdade, dentro do nosso coração. Para escutar dentro de nossa alma as palavras ditas, a orientação dada, e sentir que aquilo que ressoa é o que precisamos fazer. Este é o nosso papel, nossa peça do quebra cabeças.
O compromisso de cada um de nós é indispensável para que o desdobramento do Plano Divino... Todos nós temos um papel a desempenhar... Descubra o seu e venha joga-lo...
Ouça o seu coração... ou então, como disse nosso amigo E.T., "Acenda a luz do seu coração; deixe que ela brilhe onde quer que você for, deixe que ela seja um ardor de felicidade para o mundo inteiro ver. Acenda a luz do seu coração..." e siga esta luz, que vai iluminando seu caminho.
Marie T. Russel é editora da Revista InnerSelf (www.innerself.com) e das Páginas Amarelas do Natural (www.NaturalYellowPages.com) - Tradução Lúcia A. Maranhão

23 de fevereiro de 2010

AMOR PURIFICADO (Cacau Loureiro)

Queridos...

O vento bate em meu rosto, e ele é
morno como tuas mãos quando me
aquecem a alma triste.
Em meu caminho desnaturado pelas
decepções, ainda ouço as mesmas e
velhas canções de dias outrora felizes...
Amigo... o viver ensinou-me a não
temer a vida, a não temer o mundo,
a não temer a morte, pois que o meu
espírito já veio ao mundo retirante.
O meu corpo combalido, os meus olhos
embebidos renovam a mesma oração
dia após dia...: que eu consiga!...,
A minha mente absorta liberta-me
das amarraduras e das agruras do
destino, assim prossigo.
Saiba... que os meus pensamentos são
livres, que os meus sentimentos são livres,
porque não acredito na vida como castigo.
Os meus pés, os meus sonhos, os meus
caminhos direcionam-me para a purificação
interior, para a real libertação que só será
feita através do sincero amor.

22 de fevereiro de 2010

REINVENÇÃO (Cacau Loureiro)


O vento quente do verão faz-me abrir
os braços, faz-me olhar para o céu!...
A forja da coragem em meu seio, faz-me
sorrir em múltiplas descobertas...
Meu coração pleno, a minha mente aberta
fazem-me sentir o tempo com entusiasmo
de uma criança, se a vida não fosse encanto
o que seria do “ser” poeta?!
Para o arsenal de pedras que encontro há os
poucos diamantes valorosos, há os seres de
índoles inenarráveis, há os homens de fortes
caracteres com suas têmperas incomensuráveis.
Eu abro as portas... pois quem nesta vida fica
em poder do medo não é digno de réplicas.
Eu vou às ruas, eu vou à luta, porque nesta
jornada por mais que existam vampiros, a vida
continua e eu não acredito em bruxas...
Contudo, identifico hipócritas.
Para mim só existe um tempo, o tempo presente,
e o dia de hoje, pois quem não se decide nesta
lacuna um dia irá descobrir, atônito, que a vida
entre os dedos escoa e o bojo dos covardes é

um poço de lodo.
Lanço minhas redes ao mar, o grande pescador
do mundo é aquele que fisga as almas e que
mesmo em épocas de tormentas não desiste
de navegar.
Eu sorrio para a vida, eu desafio a morte, eu
desfio as linhas mais sutis dos homens, eu
esboço olhos, eu delineio bocas, eu pinto o
invisível com todas as letras que posso; bebo
o mundo gota a gota, também vomito verso e
prosa, eu alimento-me da poesia do mundo,
reinvento-o se preciso for, e obtenho todas
as respostas.

21 de fevereiro de 2010

CUNHÃ-PORÃ (Cacau Loureiro)


Vi-te do mar...
Teus femininos contornos fascinaram-me,
vestida estavas em um verde longo e profundo,
secular.
Espraiadas tuas graciosas pernas aguçaram-me o
desejo em te desbravar, teu busto exuberante
desabrochado para o sol enfunou-me o âmago
de vontades...
Morena que me afoga num pranto de capricho e
de quereres num malmequer de flores rubras que
me divide a alma em dueto...
Itanhantã e Poranga em deífico bailado.
O poeta escreve o teu hino com malícia, o pintor
enfeita as tuas saias com preguiça...
Bebo em teu dorso as águas dos coqueirais que me
refrigeram a alma sequiosa.
No céu em que libertas as tuas gaivotas eu também
quero voar!...
Jogo moedas sobre a pedra, enamorado, apresso o
nosso encontro...
Sob a sombra do baobá, eu sonho saber teu nome,
será Maria?
Sou nativo, sou cativo hora em que a noite desce como
véu dourado em tuas grossas ancas e acende em meu
peito um eterno farol.
Vi-te morena na varanda do chalé a pentear os
cabelos qual lambrequins que transformaram o meu
coração romântico em gruta de mil amores.
Porém, preciso partir na barca da esperança...
Deixo-te...
O terral estremece-me, pousa em meu ombro a
garça cinzenta da tristeza, verto lágrimas prateadas
ao atravessar a ponte da saudade...
Mas, sei, voltarei nas ondas pungentes que perpassam
o meu peito para adormecer novamente em teus braços,
Paquetá...

19 de fevereiro de 2010

SALMO DÉCIMO PRIMEIRO (Cacau Loureiro)


Oh, Pai! Afasta de mim os falsídicos porque os
seus rastros são de destruição e discórdia.
O embuço tomou conta da face dos homens,
contaminou seus lábios e os seus escritos não
mais atestam e não há lisura em suas palavras.
Andei a esmo no caminho dos desvairados e
ambiciosos, mas tu oh, Deus meu amparaste-me,
por isso te entreguei em fidúcia a minha alma maculada.
Tendes soprado em minha fronte o bom ânimo, pelo
que me tenho levantado perante o teu sol como
testemunha da tua infinita benevolência.
Doravante caminho de peito aberto posto que tenho
dado o melhor que há em minhas mãos porque elas
receberam tantas graças às quais penso não merecer
porque são incontáveis.
Laboro dobrado em tua seara, pois que perdi muito
tempo com os incautos contaminados como a hera
dos abandonados adros.
Outrora eu não enxergava com meus olhos e meus
ouvidos eram indignos de tua presença e de tuas
palavras Eterno Pai.
Os que não contribuíram em minhas contendas
ficaram como pó à beira da estrada e aguardam
as intempéries varrerem suas abominações.
Eu fito o amanhã com esperança e sei que as tuas
mãos pousam sobre minha cabeça e marcam um
novo tempo em minha existência; e os teus anjos
permanecem em sentinela e as tuas tendas alastram-se
sobre os campos em que planto a minha fé renovada.
Bendigo teus alvoreceres, pois que é mais um dia que
cultivo em tua várzea de amor, que faço transbordar
teus cântaros de benesses.
A lua que me traz descanso, também bendigo, posto
que o meu adormecer é leve e tranqüilo como do
soldado que retornou vivo da cruenta batalha.
Sei que não sou digno do teu ilimitado amor, mas
tenho procurado ser justo e verdadeiro.
Desvia de mim oh, Pai o séquito dos bajuladores,
preserva a minha alma das vaidades; aparta de
mim àqueles que desconhecem o meu caráter reto
e igualam-me aos seus opróbrios.
Ampara-me e ajuda-me a perseverar em tua lei que
edifica e regenera, pois que já provei de vinho falso
e azedo que por muitas estações embriagou o meu
espírito de deslealdades e intemperanças.
Trabalha oh, Pai na minha elevação interior porque
quero crescer em teus ensinamentos. Não mais permita
que eu olhe na face dos ímpios, pois que eles plantaram
o rancor em meu espírito inocente, lava-me Deus meu de
tudo isto que envenenou o meu âmago imprudente.
Espero em ti Senhor o esquecimento de tudo o que me
diminuiu e equiparou aos gentios.
Levanta-me Deus meu e ponha-me dos teus exércitos
à direita, pois que nunca me faltou coragem; honra-me,
justifica-me, pois sei que tenho um coração limpo; cala
os maus conselheiros e jogue suas palavras no fosso
para que nunca mais ressoem no solo pisado por Ti.
Dá-me Senhor a têmpera dos bons e que o fogo que me
consome seja o cinzel que me transformará no mais
valoroso de teus servos.

18 de fevereiro de 2010

A CRIANÇA E O SÁBIO (Augusto Cury)

Um dia uma criança chegou diante de um pensador e perguntou-lhe:
"Que tamanho tem o universo?" Acariciando a cabeça da criança, ele olhou
para o infinito e respondeu: "O universo tem o tamanho do seu mundo."
Perturbada, ela novamente indagou: "Que tamanho tem o meu mundo?"
O pensador respondeu: "Tem o tamanho dos seus sonhos."
Se os seus sonhos são pequenos, sua visão será pequena, suas metas
serão limitadas, seus alvos serão diminutos, sua estrada será estreita, sua
capacidade de suportar as tormentas será frágil.
Shakespeare disse que "quando se avistam nuvens, os sábios vestem
seus mantos". Sim! A vida tem inevitáveis tempestades. Quando elas
sobrevêm, os sábios preparam seus mantos invisíveis: protegem sua
emoção usando sua inteligência como paredes e os seus sonhos como teto.
Os sonhos regam a existência com sentido. Se seus sonhos são frágeis,
sua comida não terá sabor, suas primaveras não terão flores, suas manhãs
não terão orvalho, sua emoção não terá romances.
A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reis, e a ausência
dos sonhos transforma milionários em mendigos. A presença de sonhos
faz de idosos, jovens, e a ausência de sonhos faz dos jovens, idosos.
A juventude mundial está perdendo a capacidade de sonhar. Os
jovens têm muitos desejos, mas poucos sonhos. Desejos não
resistem às dificuldades da vida, sonhos são projetos de vida,
sobrevivem ao caos.
A culpa, porém, não é dos jovens. Os adultos criaram uma estufa
intelectual que lhes destruiu a capacidade de sonhar. Eles estão
adoecendo coletivamente: são agressivos, mas introvertidos;
querem muito, mas se satisfazem pouco.
Os sonhos trazem saúde para a emoção, equipam o frágil para ser
autor da sua história, renovam as forças do ansioso, animam os
deprimidos, transformam os inseguros em seres humanos de raro
valor. Os sonhos fazem os tímidos terem golpes de ousadia e os
derrotados serem construtores de oportunidades...
...Uma mente saudável deveria ser uma usina de sonhos. Pois os
sonhos oxigenam a inteligência e irrigam a vida de prazer e sentido.
(Prefácio do Livro Nunca Desista de seus sonhos de Augusto Cury)

11 de fevereiro de 2010

O MUNDO QUE DESEJEI (Laura Pausini)


Letra da música Il Mondo Que Vorrei (O mundo que desejei) de Laura Pausini

Quantas vezes eu já pensei
O meu mundo está afundando
Dentro um mar cheio de loucuras, hipocrisia

Quantas vezes eu até tentei
Ajudar este mundo meu
Por todos aqueles que estão sofrendo
como você

O mundo que desejei
Teria mil corações
Para baterem mais, haveria mil amores
O mundo que desejei
Haveria mil mãos
E mil braços para os meninos do amanhã
Que com seus olhos imploram para
Salvar-lhes, também você

Para quem crê no mesmo sol,
Não há raça, nunca há cor
Porque o coração de quem tem um outro Deus
É igual ao meu

Para quem ainda espera em um sorriso,
Porque seu amanhã está decidido
E revela que o seu amanhã
É junto a você

O mundo que desejei
Teria flores espalhadas
Não sentiremos mais
O som dos canhões.
O mundo que desejei
Faria mais justiça
Por todos aqueles que
A guerra viram
E com seus imploram
Salvar-lhes também você

Como se faz, permanecer aqui
Assim parado,
Agora indiferente
A todos os meninos que
Não crescerão jamais
Mas que sentido há, escutar e não modificar
Oferecemos ao mundo aquela paz
Que não se pode mais esperar
No mundo que desejei uh uh uh

No mundo que desejei
Todos teremos um coração
O mundo que desejei
Se chamaria amor
Segure forte a minha mão
E sentirá o mundo que desejei
Uh uh uh O mundo que desejei

10 de fevereiro de 2010

RESISTÊNCIA (Cacau Loureiro)


Diante da destruição eu vi os doces olhos do
sofrimento imergirem dos escombros.
Eu mastiguei pedras, mas achei diamantes...
E sei que o sol nasceu para todos, mas sua luz
só permanece se mantivermos acesa a chama
da resistência dentro de nossos corações.
Portanto, eu ateio fogo em meus sentidos
para permanecer vivo, porque a vida é uma
ordem, e em sua marcha eu sigo sem remorsos.
Meu passado é alicerce, meu presente edificação.
Minha farda é a esperança. E mesmo diante do
caos da alma humana eu tenho que prosseguir;
minhas lágrimas cultivam as campinas que deixo
para trás, os caminhos em que ainda não descobri
o real entendimento.
Em minha retirada eu deixo o vazio, e o vazio
fica um pouco em mim, são os túmulos dos
desconhecidos, dos esquecidos das batalhas,
dos que mataram para não morrer, talvez dos
covardes que desistiram de viver.
Lutei como homem e conheci mercenários,
sofri como bicho e constatei o embrutecimento
das hostes de raças sem sentimentos.
Contudo, eu prossigo nos campos onde os
lírios colorem meus olhos ainda vermelhos.
Meu libré enlameado espera pelo rio de
águas límpidas, de correntezas coerentes.
Abundantes, meus sonhos vão se montando
como as nuvens no céu, como a poeira da
estrada.
Nesta guerra sanguinária eu volto à vida
porque nunca me permiti morrer!...

9 de fevereiro de 2010

NÃO NASCEMOS PRONTOS (Seminário - Mário Sérgio Cortela)

"Não nascemos prontos!", de Mário Sérgio Cortella, apresenta crônicas que discutem temas diversos à luz da filosofia. A grande qualidade do livro é a união entre a filosofia e o cotidiano. O autor faz esta relação nos ensaios que tratam de temas como acomodação, flexibilidade para as mudanças, a pressa característica do mundo atual, aceleração do cotidiano, falta de esperança das novas gerações e o sentido da amizade. Esta obra leva o leitor a refletir sobre temas como responsabilidade ética e social, gestão corporativa para empresas, gestão do conhecimento, do ser humano e do ócio recreativo.

Sobre o autor:

CORTELLA, MÁRIO SÉRGIO
Mario Sergio Cortella é filósofo e professor titular da PUC/SP. Apresentador dos 'Diálogos impertinentes', é também palestrante intensamente convidado na área corporativa, para quem desenvolve questões referentes à ética e gestão do conhecimento nas empresas.

Vídeos da Palestra










8 de fevereiro de 2010

EZEQUIEL (Capítulo 16)

1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém seus atos abomináveis;
3 e dize: Assim diz o Senhor Deus a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus. Teu pai era amorreu, e a tua mãe hetéia.
4 E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água, para te alimpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas;
5 ninguém se apiedou de ti para te fazer alguma destas coisas, compadecido de ti; porém foste lançada fora no campo, pelo nojo de ti, no dia em que nasceste.
6 E, passando eu por ti, vi-te banhada no teu sangue, e disse- te: Ainda que estás no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estás no teu sangue, vive.
7 Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo. E cresceste, e te engrandeceste, e alcançaste grande formosura. Formaram-se os teus seios e cresceu o teu cabelo; contudo estavas nua e descoberta.
8 Então, passando eu por ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a minha aba, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei num pacto contigo, diz o Senhor Deus, e tu ficaste sendo minha.
9 Então te lavei com água, alimpei-te do teu sangue e te ungi com óleo.
10 Também te vesti de bordados, e te calcei com pele de dugongo, cingi-te de linho fino, e te cobri de seda.
11 Também te ornei de enfeites, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao pescoço.
12 E te pus um pendente no nariz, e arrecadas nas orelhas, e uma linda coroa na cabeça.
13 Assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, de seda e de bordados; de flor de farinha te nutriste, e de mel e azeite; e chegaste a ser formosa em extremo, e subiste até a realeza.
14 Correu a tua fama entre as nações, por causa da tua formosura, pois era perfeita, graças ao esplendor que eu tinha posto sobre ti, diz o Senhor Deus.
15 Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama; e derramavas as tuas prostituições sobre todo o que passava, para seres dele.
16 E tomaste dos teus vestidos e fizeste lugares altos adornados de diversas cores, e te prostituíste sobre eles, como nunca sucedera, nem sucederá.
17 Também tomaste as tuas belas jóias feitas do meu ouro e da minha prata que eu te havia dado, e te fizeste imagens de homens, e te prostituíste com elas;
18 e tomaste os teus vestidos bordados, e as cobriste; e puseste diante delas o meu azeite e o meu incenso.
19 E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o azeite e o mel, com que eu te sustentava, também puseste diante delas em cheiro suave, diz o Senhor Deus.
20 Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me geraras, e lhos sacrificaste, para serem devorados pelas chamas. Acaso foi a tua prostituição de tão pouca monta,
21 que havias de matar meus filhos e lhos entregar, fazendo os passar pelo fogo?
22 E em todas as tuas abominações, e nas tuas prostituições, não te lembraste dos dias da tua mocidade, quando tu estavas nua e descoberta, e jazias no teu sangue.
23 E sucedeu, depois de toda a tua maldade (ai, ai de ti! diz o Senhor Deus),
24 que te edificaste uma câmara abobadada, e fizeste lugares altos em todas as praças.
25 A cada canto do caminho edificaste o teu lugar alto, e fizeste abominável a tua formosura, e alargaste os teus pés a todo o que passava, e multiplicaste as tuas prostituições.
26 Também te prostituíste com os egípcios, teus vizinhos, grandemente carnais; e multiplicaste a tua prostituição, para me provocares à ira.
27 Pelo que estendi a minha mão sobre ti, e diminuí a tua porção; e te entreguei à vontade dos que te odeiam, das filhas dos filisteus, as quais se envergonhavam do teu caminho depravado.
28 Também te prostituíste com os assírios, porquanto eras insaciável; contudo, prostituindo-te com eles, nem ainda assim ficaste farta.
29 Demais multiplicaste as tuas prostituições na terra de tráfico, isto é, até Caldéia, e nem ainda com isso te fartaste.
30 Quão fraco é teu coração, diz o Senhor Deus, fazendo tu todas estas coisas, obra duma meretriz desenfreada,
31 edificando a tua câmara abobadada no canto de cada caminho, e fazendo o teu lugar alto em cada rua! Não foste sequer como a meretriz, pois desprezaste a paga;
32 tens sido como a mulher adúltera que, em lugar de seu marido, recebe os estranhos.
33 A todas as meretrizes se dá a sua paga, mas tu dás presentes a todos es teus amantes; e lhes dás peitas, para que venham a ti de todas as partes, pelas tuas prostituições.
34 Assim és diferente de outras mulheres nas tuas prostituições; pois ninguém te procura para prostituição; pelo contrário tu dás a paga, e não a recebes; assim és diferente.
35 Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor.
36 Assim diz o Senhor Deus: Pois que se derramou a tua lascívia, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes; por causa também de todos os ídolos das tuas abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste;
37 portanto eis que ajuntarei todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também todos os que amaste, juntamente com todos os que odiaste, sim, ajuntá-los-ei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez.
38 E julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras e as que derramam sangue; e entregar-te-ei ao sangue de furor e de ciúme.
39 Também te entregarei nas mãos dos teus inimigos, e eles derribarão a tua câmara abobadada, e demolirão os teus altos lugares, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas belas jóias, e te deixarão nua e descoberta.
40 Então farão subir uma hoste contra ti, e te apedrejarão, e te traspassarão com as suas espadas.
41 E queimarão as tuas casas a fogo, e executarão juízos contra ti, à vista de muitas mulheres; e te farei cessar de ser meretriz, e paga não darás mais.
42 Assim satisfarei em ti o meu furor, e os meus ciúmes se desviarão de ti; também me aquietarei, e não tornarei mais a me indignar.
43 Porquanto não te lembraste dos dias da tua mocidade, mas me provocaste à ira com todas estas coisas, eis que eu farei recair o teu caminho sobre a tua cabeça diz o Senhor Deus. Pois não acrescentaste a infidelidade a todas as tuas abominações?
44 Eis que todo o que usa de provérbios usará contra ti deste provérbio: Tal mãe, tal filha.
45 Tu és filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus filhos; e tu és irmã de tuas irmãs, que tinham nojo de seus maridos e de seus filhos. Vossa mãe foi hetéia, e vosso pai amorreu.
46 E tua irmã maior, que habita à tua esquerda, é Samária, ela juntamente com suas filhas; e tua irmã menor, que habita à tua mão direita, é Sodoma e suas filhas.
47 Todavia não andaste nos seus caminhos, nem fizeste conforme as suas abominações; mas, como se isso mui pouco fora, ainda te corrompeste mais do que elas, em todos os teus caminhos.
48 Vivo eu, diz o Senhor Deus, não fez Sodoma, tua irmã, nem ela nem suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas.
49 Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado.
50 Também elas se ensoberbeceram, e fizeram abominação diante de mim; pelo que, ao ver isso, as tirei do seu lugar.
51 Demais Samária não cometeu metade de teus pecados; e multiplicaste as tuas abominações mais do que elas, e justificaste a tuas irmãs, com todas as abominações que fizeste.
52 Tu, também, pois que deste sentença favorável a tuas irmãs, leva a tua vergonha; por causa de teus pecados, que fizeste mais abomináveis do que elas, mais justas são elas do que tu; confunde-te logo também, e sofre a tua vergonha, porque justificaste a tuas irmãs.
53 Eu, pois, farei tornar do cativeiro a elas, a Sodoma e suas filhas, a Samária e suas filhas, e aos de vós que são cativos no meio delas;
54 para que sofras a tua vergonha, e sejas envergonhada por causa de tudo o que fizeste, dando-lhes tu consolação.
55 Quanto a tuas irmãs, Sodoma e suas filhas, tornarão ao seu primeiro estado; e Samária e suas filhas tornarão ao seu primeiro estado; também tu e tuas filhas tornareis ao vosso primeiro estado.
56 Não foi Sodoma, tua irmã, um provérbio na tua boca, no dia da tua soberba,
57 antes que fosse descoberta a tua maldade? Agora, de igual modo, te fizeste objeto de opróbrio das filhas da Síria, e de todos os que estão ao redor dela, e para as filhas dos filisteus, que te desprezam em redor.
58 Pela tua perversidade e as tuas abominações estás sofrendo, diz o Senhor.
59 Pois assim diz o Senhor Deus: Eu te farei como fizeste, tu que desprezaste o juramento, quebrantando o pacto.
60 Contudo eu me lembrarei do meu pacto, que fiz contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo um pacto eterno.
61 Então te lembrarás dos teus caminhos, e ficarás envergonhada, quando receberes tuas irmãs, as mais velhas e as mais novas, e eu tas der por filhas, mas não por causa do pacto contigo.
62 E estabelecerei o meu pacto contigo, e saberás que eu sou o Senhor;
63 para que te lembres, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua vergonha, quando eu te perdoar tudo quanto fizeste, diz o Senhor Deus.

7 de fevereiro de 2010

SALMO DÉCIMO (Cacau Loureiro)


Apascenta o meu coração oh, Pai!
Pois que ante a visão do homem tolo eu reprimo-me
em aflições, em angústias.
Eu que plantei a justiça em todo o meu caminhar,
sinto-me injustiçado. Arranca de mim esta erva que
não traz a cura, que não me limpa o interior ultrajado.
Em modéstia oferto-te o meu coração em bandeja
de resplandecente prata, mas, dá-me oh Deus o
ouro da paz que não tem preço.
Lava minha alma nas águas do Jordão, unge minha
cabeça pelo teu espírito santo e faça-me um novo ser.
Tranquiliza o meu íntimo oh Eterno! Pois que ante
a visão dos que me magoaram eu reacendi as minhas
torpezas. Eu que fui semeador do perdão sinto-me
rancoroso; estirpe de mim estes ramos de árvore
Infértil das futilidades.
Pai mostra-me uma vez mais a tua face para que eu
fortaleça-me e busque a tua palavra com sabedoria.
Deus de bondade e misericórdia toque o meu cerne
para os bons sentimentos, porque a fagulha da
incompreensão ameaça atear o fogo das paixões
terrenas em minha alma sedenta do reparo.
Que a tua justiça venha sempre antes da minha,
que eu saiba esperar por tua balança e por tua espada.
Que tu faças do teu tempo o meu tempo, e, que eu
cultive a paciência e deposite em teu regaço o
meu sincero desejo de libertação.
Deus de mansuetude e também de austeridade
ponha os meus inimigos ocultos perante o teu altar
para que possas doutrinar suas más inclinações,
trazei-lhes arrependimento, mostra-lhes as tuas
vastas terras de benignas sementes, a tua fresca
relva onde deitas as cabeças dos teus filhos justos.
Limpe minhas mãos com o teu bafejo divino, mas
não lave as minhas responsabilidades para com o
meu próximo.
Oh, Eterno! O cavaleiro das sombras cavalga nas
redondezas, plante o teu cajado à minha porta,
Livra-me, guarda-me e salva-me do terror da noite,
desenreda os meus pensamentos que faz oprimido
o meu bojo. Afasta de mim este cálice no qual eu
não quero mais provar desta bebida que me embriaga
e cega-me os olhos.
Permita-me oh, Altíssimo, reaver as alegrias de
quando usufruía da tua presença constante.
Aparta de mim de uma vez por todas aqueles que
me renegaram, pois que de mim não são mais dignos.
Fazei-me forte diante das provações, mostre-me Pai
Maior que assim como o sol que tu criaste, eu posso
nascer novo todos os dias diante de Ti.

6 de fevereiro de 2010

PEDRAS RARAS (Cacau Loureiro)


Há pessoas que tem muita sensibilidade... Para sentirem as próprias dores.
Eu fico cá a pensar com os meus botões como as pessoas levam anos estudando, adquirindo conhecimento e na hora de verbalizar algo, simplesmente usam palavras vazias, sem a profundidade que o colóquio merece, deveria ter.
Penso que hoje em dia as pessoas não se aprofundam em seus diálogos e colocações por puro medo de assumirem o que falam. Será que estou equivocada?!
Bem, o fato é que vejo pessoas em seus palanques pessoais fazendo discursos vazios, e parece-me que muitos gostam disso. A fala impessoal anda em voga. Mas, estou aterrorizada como isto é uma constante nas pessoas. O mostrar-se quem é será tão perigoso assim?
Amigos se perdem por falta de diálogo e compreensão, casais desistem-se por falta da exposição profunda de seus pensamentos e sentimentos. E por conta desta mesmice vazia dos seres, as relações estão se deteriorando, e mais dia menos dias estaremos empreendendo em mais pessoas ocas, onde a relação será de pouca valia e de curta duração. Onde estarão aqueles que possuem conteúdo próprio? Neste mundo globalizado, nós globalizamos nossas mentes e nossos corações. Penso que o amor expandido e dividido com as pessoas seja uma meta do Criador, mas para nos espraiarmos como seres capazes de se dar, de se doar é preciso que ofertemos a nossa individualidade também. O homem na ânsia de preservar isto que ele chama de privacidade fechou seus canais de afeto. Como chegar hoje em dia ao verdadeiro coração humano, como interagir com o real caráter das pessoas?
Tenho me pegado nesta angústia há algum tempo...
Porque às vezes vivenciamos histórias surreais de negligência afetiva, e não estou falando aqui das camadas menos favorecidas da sociedade não, onde muitas das vezes falta o pão e uma verdadeira base familiar, como pai, mãe e irmãos. Falo de pessoas estudadas, que transitam em meios acadêmicos e culturais, com poder econômico relativamente alto, com acesso a informação e tudo o mais, inclusive que vão a psicólogos, analistas, psiquiatras.
Tenho certeza que cada um que me lê de alguma forma identifica alguém que conhece com estas características, pessoas que se escondem de si mesmas e melindram ante qualquer pergunta mais profunda ou filosófica. O mundo da globalização tornou os seres “ctrl/alt/Del”?
Perdemo-nos defendendo nossas causas próprias e sequer nos pertencemos, com unhas e dentes compramos brigas de pessoas que efetivamente nunca contribuíram com o nosso desenvolvimento como pessoas “verdadeiras”, fazemos escolhas erradas, equivocamo-nos, vivenciamos um mundo de reflexos, pois a violência que se comete ali, passamos a cometer aqui. E a violência de que falo não é somente a física, há a violência da omissão, da covardia, do querer só para si as vantagens e as oportunidades, do egoísmo exacerbado que mata o amor, que mata o empenho de uma vida inteira, que mata os laços familiares, que mata as relações de trabalho, que mata a boa vizinhança, que mata o “entusiasmo” dos que tentam ir contra a corrente deste estado atual de coisas. Este campo que é a vida de trocas vazias me consome, e eu fico a observar as teias feitas de fios sem o entrelace da responsabilidade com o outro, que frustra, que fere, que extermina, que bloqueia, que limita a expansão da existência humana. Fechar um compromisso com a vida é estar atento ao seu semelhante, principalmente àqueles que nos estão próximos. Viver, penso é se deixar envolver pelo princípio vital que move o mundo, que move desde suas partículas microscópicas até os seus elementos macroscópicos, pois que não consigo raciocinar uma vida vivida à superfície do autêntico valor que a envolve. O ser humano deve ter com certeza muito medo dos danos causados pelas relações de ser para ser, eu também tenho, contudo, não posso negar-me a imergir no magnífico mar da vida, com suas idas e vindas, com suas marés ora altas, ora baixas, com a mudança de direção de seus ventos, com suas tempestades e calmarias.
Tenho certeza que ainda existe neste globo pessoas que possuem sim, muita sensibilidade, e estas sim tem a verdadeira dimensão do universo que habitam e do genuíno universo que possuem dentro de si mesmas para saberem que as dores existem para todos que lutam verdadeiramente para assumirem o que são, e que devemos lutar para sermos melhores, para fazermos deste mundo algo positivo para todos nós; este exercício tem que fazer parte do nosso dia a dia, assim como beber, comer, trabalhar, estudar, namorar, conversar. Para se achar o tesouro perdido que é o viver em plenitude, é preciso que haja uma legítima permuta de valores. Sei que sou uma pedra bruta, mas eu desejo e busco o burilamento do meu espírito, seja na sua sensibilidade assim como na sua coragem, e por isto mesmo todos os dias amanheço com esperança e saio de casa em busca de uma pedra preciosa, embora muitas vezes achemos pedras falsas. Pois “facetas de um diamante são marteladas e esculpidas por um artesão qualificado. Para todos há as faíscas, há as lágrimas."

5 de fevereiro de 2010

VÃO (Cacau Loureiro)


No espelho em que me olho ele não me
reflete, por que o verbo de alguns não me
chega ao coração, não me toca a alma?
Não dá para encarar a fraqueza de frente,
pois que o mundo não foi feito para os
parcos de recursos. Eu continuo assistindo
ao espetáculo dos medíocres, e sei que
nada deles está em mim, pois nada de mim
lhes pertence.
A vida é uma corrente em que os elos
idênticos tem valores diferentes, desiguais.
Os indiferentes ferem mais do que o gume
da afiada faca.
Uma oportunidade perdida é como colocar
de ponta a cabeça o relógio do tempo, a
engrenagem da vida, posto que o tempo e
a vida não são máquinas onde se conserte
mecanismos emperrados.
Defrontar-se com a fera sem garras é
frustrante, eu prefiro a dança com lobos.
Remoer palavras destituídas de verdade é
sangrar a alma à exaustão.
Eu não temo a sombra de pessoas inócuas,
temo os homens mortos em vida, temo a
vida destituída de intenção.
Aprendi a respeitar as escolhas, jamais
desistir do combate, e neste campo em que
batalho somente gente decepção!
Chego ao ápice da minha indignação...
Eu não nasci para conter as palavras, não
nasci para limitar minha força, não nasci
para estagnar minha vida, não nasci para
assistir a marcha do mundo e correr para
trás, não nasci para viver impunemente,
não vim ao mundo como expectador.
Eu queria ser capaz de sentir pena, ódio,
até mesmo a pura repulsa, mas, nada me
movimenta o espírito neste instante, vivo
uma plácida agitação de “nadas”.
O passado fechou-se num túnel longínquo,
o presente é uma folha seca ao vento...
Dentro de mim o alento de encontrar algo
pulsante, colorido, cheio de vida e de calor.
Tenho aversão aos seres sem têmpera,
tenho ojeriza a pessoas mornas, tenho
horror aos que se prendem às almas baratas,
não suporto gente que pinta suas vidas com
tintas acinzentadas!...

4 de fevereiro de 2010

ESPERO QUE GOSTEM!!!

SALMO NONO (Cacau Loureiro)


O homem que recebe o poder sem estar instruído
degenera-se, o proprietário de insígnias tem que
ter sabedoria em sua fronte para não perecer na
sarissa da injustiça.
Quem obtém as chaves dos reais tesouros tem que
saber da responsabilidade que assume.
O Senhor dos impérios coloca atalaias em cada porta
dos palácios e no quarto de seus governadores, pois
tudo que se move além das materiais fortalezas o
Altíssimo tem conhecimento.
Esforça-te no teu labor e serás justificado perante
os céus, esta é a maior recompensa.
Retém tuas conjecturas, porquanto ignoras o que
se passa dentro da casa alheia, corta a tua língua no
ato da perversidade, arranca o teu olho conquanto
não enxergas nada além do teu umbigo.
Olhes ao derredor, veja quantos foram parar na
cova dos leões por tuas palavras malfadadas,
por tuas conspirações desditosas.
Contudo, o que está em conformidade deita sob
pena de ganso depois de elevar seu coração.
Que a tua fala seja tua, não a empreste a outrem,
e que guardes o decoro que convém diante da
palavra alheia.
Um juízo em desacordo desgraça e envenena
toda a várzea, cada um que colha o cultivo que
merece, não adoentes o são por tua improbidade.
Não endosses o que seus olhos não viram,
não acolha o que o teu coração não aceita.
A fé não é somente um bem, é uma convicção
e profunda confiança no Eterno.
O Pai maior está sempre em vigília!
Quem será a tua Sentinela?
Estás preparado para descer à cova dos leões?

3 de fevereiro de 2010

SALMO OITAVO (Cacau Loureiro)


Todas as vezes que desviei o meu andar do bom
caminho o Senhor resgatou-me. Porque também
os falsos lavam nossos pés com essências, adoçam
nossas bocas com o mel.
Ante as decepções humanas abati-me, mas roguei

ao Pai o auxílio, Ele pôs as mãos em meu coração
e disse: aquieta-te.
Assim esperei Nele, pois que foi o único cálice a

amparar minhas lágrimas, única lanterna para os
meus olhos cegos de rancores.
Diante do Altíssimo curvei-me, a mágoa a carcomer

o meu espírito combalido, mas dobrei-me a Divina
vontade, e Ele desceu sua mão sobre a minha cabeça
e trouxe o alívio as minhas inquietações.
A inveja humana é nefasta, o logro de suas palavras

mata feito cicuta.
E eu feito louco debrucei o meu tempo sobre o poço
das mordacidades e o tempo perdido não retorna.
Aqueles que matam a esperança movendo a
ampulheta pelas caladas é discípulo do maléfico,
porém o Imutável em sua ubiqüidade e onipresença
jamais deixa impune o traste humano, o embusteiro.
Portanto, ofertei a minha alma ao Senhor para
que me renovasse o espírito quebrantado, o meu

coração quase morto.
Quando vi diante de minha face o deserto de mil

olhos de cobiça e cupidez, eu clamei ao Deus Vivo
a sua misericórdia. Pois que o mundo é vão, os
homens passam e os bens terrenos enferrujam e
a alma torpe do vaidoso, do orgulhoso desce à cova
rasa onde os vermes alimentam-se a olhos vistos
e disputam com os abutres a carne fétida.
Quando me vi frente ao abismo eu roguei ao
Supremo que me cobrisse com o seu sagrado manto

e que me poupasse da derrocada, e O Pai apontou em
minha direção e disse: ninguém mais toca no meu
escolhido, e sua ordem foi reverenciada prontamente.
Ante todas as angústias eu nunca perdi a fé no meu

Libertador.
Ante as sombras das dores foram suas mãos que me

curaram; ante as armas dos inimigos foi seu cajado
que me salvou; diante das torturas da bem trajada
corja foi a sua verdade que me desembaraçou;
perante os falsos e os hipócritas foi a mim que o
Deus Vivo revelou-se.
Através dos tempos eu elevarei meus cânticos de
devoção aos céus onde habita o Eterno porque só
assim eu posso ofertar a minha alma com alegria e
humildade ao bondoso Deus da salvação.

OS VENENOSOS (Luis Fernando Veríssimo)


O veneno é um furo na teoria da evolução. De acordo com o darwinismo clássico os bichos desenvolvem, por seleção natural, as características que garantem a sua sobrevivência. Adquirem seus mecanismos de defesa e ataque num longo processo em que o acaso tem papel importante: a arma ou o disfarce que o salva dos seus predadores ou facilita o assédio a suas presas é reproduzido na sua descendência, ou na descendência dos que sobrevivem, e lentamente incorporado à espécie. Mas a teoria darwiniana de progressivo aparelhamento das espécies para a sobrevivência não explica o veneno. O veneno não evoluiu. O veneno esteve sempre lá.

Nenhum bicho venenoso pode alegar que a luta pela vida o fez assim. Que ele foi ficando venenoso com o tempo, que só descobriu que sua picada era tóxica por acidente, que nunca pensou etc. O veneno sugere que existe, sim, o mal-intencionado nato. O ruim desde o princípio. E o que vale para serpentes vale para o ser humano. Sem querer entrar na velha discussão sobre o valor relativo da genética e da cultura na formação da personalidade, o fato é que não dá para evitar a constatação de que há pessoas venenosas, naturalmente venenosas, assim como há pessoas desafinadas.

A comparação não é descabida. Acredito que a mente é um produto cultural, e que descontadas coisas inexplicáveis como um gosto congênito por couve-flor ou pelo “Bolero” de Ravel, somos todos dotados de basicamente o mesmo material cefálico, pronto para ser moldado pelas nossas circunstâncias. Mas então como é que ninguém aprende a ser afinado? Quem é desafinado não tem remédio. Nasce e está condenado a morrer desafinado. No peito de um desafinado também bate um coração, certo, e o desafinado não tem culpa de ser um desafio às teses psicológicas mais simpáticas. Mas é. Matemática se aprende, até alemão se aprende, mas desafinado nunca fica afinado. Como venenoso é de nascença.

O que explica não apenas o crime patológico como as pequenas vilanias que nos cercam. A pura maldade inerente a tanto que se vê, ouve ou lê por aí. O insulto gratuito, a mentira infamante, a busca da notoriedade pela ofensa aos outros. Ressentimento ou amargura são características humanas adquiridas, compreensíveis, que explicam muito disto. Pura maldade, só o veneno explica.
(fonte: O GLOBO, 24/2/2005)

2 de fevereiro de 2010

SALMO SÉTIMO (Cacau Loureiro)


O Senhor soprou em minha boca o seu grande espírito
e por isto eu vivo, porque quem se instrui pelo hálito
do Pai, jamais fenece.
Com o ouro que fui laureado não faço barganha, por isto
eu levanto salteadores, a turba infame. Contudo quem
traça os caminhos é o Soberano dos tempos e na sua
rota em ando em segurança, eu caminho sem temor,
pois, a lança do Eterno Protetor faísca em minha
defesa, cruza a minha fronte, assim prossigo na fé de
peito aberto. A Sua espada é unção e privilégio, por que
temerei os dardos do inimigo encoberto?
Com seu braço o Senhor protege-me, deita-me ao
anoitecer, levanta-me na alvorada, pois que seus
cântaros de benignidade, às dezenas, multiplicam-se
feito pão de centeio.
Não temo as sombras que me espreitam, porque os
anjos do Onipotente montam guarda sob minha soleira
e circundam a minha tenda.
O verbo do altíssimo, retroa como trovoada no espírito
dos ignaros, pois que para ser elevado tem que se
laborar na disciplina.
Os campos do indigno vivem a arder porque está
sempre a atiçar contra o próximo a palha ardente,
também rouba a safra do vizinho a sorrateira.
Mas, o nobre coloca o seu testemunho no altar
do Eterno Salvador e o seu labor é executado
sob cânticos de graças, sob a luz alevantada no
alqueire, assim minha colheita é farta.
Não receio os corvos, mas os mantenho afastados
de minhas plagas, vigio no Senhor meu Deus para
que a erva daninha não se espraia nos meus pastos,
ponho-me em alerta, só assim o Excelso faz-me enxergar
suas promessas.
Eu honro o Altíssimo e bebo o mais nobre vinho,
deleito-me no mais saboroso maná porque guardo
a minha boca do injusto e do impiedoso.
Eu festejo as bênçãos do Sagrado e danço para
elevar meu espírito às alturas.
O pai move-me, ampara-me, desvia-me das pontes
quebradiças, poupa-me das areias movediças,
defende-me, salva-me e guarda-me e por isto eu vivo
com alegria, por Ele eu morro com esperança, pois
que o Seu verbo foi soprado em minhas narinas e por
isto eu conheci a verdade e sei que as palavras do
Senhor permanecerão para todo o sempre, amém.

"CAIO FERNANDO ABREU"

"Ainda que dentro de mim as águas apodreçam e se encham de lama e ventos ocasionais depositem peixes mortos pelas margens e todos os avisos se façam presentes nas asas das borboletas e nas folhas dos plátanos que devem estar perdendo folhas lá bem ao sul e ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim não sentirei o cheiro podre das águas e meus pés não se sujarão na lama e meus olhos não verão as carcaças entreabertas em vermes nas margens, ainda assim eu matarei as borboletas e cuspirei nas folhas amareladas dos plátanos e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como eu devoraria você. Ah, se ousássemos."

1 de fevereiro de 2010

SALMO SEXTO (Cacau Loureiro)


Ponho em Deus a minha confiança, pois que as
leis universais estão sob o seu comando e domínio!
Aquele que avilta e degenera as palavras do Senhor
está sob o jugo de sua digna Justiça que jamais falha.
Portanto, vigia homem de coração envenenado,
repousa a mão em teu peito e clame ao Senhor
a sua misericórdia infinita, porque a vara do
Santo dá e tira o alimento de sua boca, faz
perecer os moços e as donzelas, faz os vendavais
arrastarem as sementes para o deserto.
Não duvides da ira daquele que nos é rocha e
fortaleza, posto que quem se levanta em
perseguição ao que é temente a Deus é

abominável ante os olhos Dele.
O Criador se enfurece com aquele que tem má
língua e má índole, com aquele que usa seus
dons com iniqüidade, que usa seu tempo com
improbidade para molestar aquele que é lídimo.
Hipócrita, pega a tua charrua e vá arar tua
terra com presteza, vá semear os frutos da
benignidade primeiramente em tua casa.
A ira do Eterno purifica como o fogo e
redime com impermista austeridade.
Cala o verbo maldoso e insano de seus lábios,

seus atos ímprobos, arranca de seu regaço a
goma suja da injúria.
Enganoso, cuida do seu cerrado para
não ficar sem a ambrosia que faz conhecer
o paraíso, que faz chegar ao Pai.
Abaixa a fronte e os olhos diante de todo
o poder que promana dos céus, porque
a mão justiceira do Altíssimo arranca os
danosos como rama fraca que cobre a leiva
mal cuidada.
Fica atento santarrão, pois que o Supremo
Protege seus filhos como o dedicado Pastor que
jamais perde de vista a sua ovelha desgarrada.

FLORES NA JANELA 9Cacau Loureiro)


Enquanto colocava minhas flores na janela,
lembrei-me de que um dia disseram-me algo assim:
“que as pessoas que passam por nós não vão sós,
deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”
Nessa melancólica recordação reavivo tantos
pedaços, muitos laços que ainda não desatei,
tantos lapsos do que vivi. Amargas lembranças?!
Não, ainda não sei, ainda não me desfiz das
coisas com as quais me encantei.
Amarguei despedidas, vontades tolhidas,
misturei o fel e o mel, gosto peculiar das coisas
que eu não provei.
Vociferei meus versos audazes em papeis rosas
de amor. Silenciei versos fugazes em rimas doídas.
Palavras... palavras... todas, tolas, dardos tantos
de dor.
E assim me refugiei em Bandeira, evadi-me em
Clarice, mas, sou alma, sou corpo e sou pele,
somente na sonhadora Meireles.
O que serão meus versos... verdades?! Tolices?!
O meu suposto perfil minha alma desmente,
sou profusa no todo que escrevo... sou autêntica
naquilo que quero. Meu sonho itinerante, romântico,
é réu confesso.
Vou voando em firmamentos múltiplos, lenços muitos,
nenhum documento, valsas lindas de despedidas dos
portos que jamais me retirei... Se sofri? Não, ainda não
sei...! Ainda acredito na lenda do final do arco-íris, no
mito da caixa de Pandora, no nascer de novas auroras...
Cinderelas, príncipes e reis...
Fui mulher, menina, perdida; fui melhor um dia, talvez...
Aguardo o final desta guerra, pois ninguém sabe dos
embates que já travei, das batalhas as quais sobrevivi,
das lutas que perdi, das lutas que ganhei; e que ninguém
duvide, dos inimigos que não matei.
De tudo nesta vida, do amargo ao doce eu provei; vou
singrando os mares da alma, emergindo dos pantanais;
meus males, amigo, ainda infindos, como os versos que
rimei. O pranto deu gosto aos meus dias e o sal desta
terra eu provei... minhas mágoas irrigaram-me o espírito,
deram-me versos que jamais tecerei...
Nos espinhos eu vislumbrei as flores, tantas flores...
Flores tantas, de cores que jamais me deparei...
Dou-te as flores da esperança, colhidas por mãos de
criança, nos campos por onde te esperei...

O QUE OS OUTROS PENSAM (Sílvia Campos)


A quem agradar? E, por que agradar?
É correto entregar aos alheios a nossa felicidade?
É correto entregar aos alheios a nossa vontade?
Será que o “EU” deve ser submetido a “eles”?
A opinião alheia, que quer ser tirana e maldosa, não é “nós, mas” Eles “perversos e conscientes; é crime hediondo porque no ato de interceptar realizações, atinge a alma; não dá chance de defesa.
Submeter-se ao que os outros pensam pode ser a diferença entre ser feliz e infeliz; entre ter sucesso ou ser fracassado, entre explodir de felicidade na verdade bela do querer pessoal e curvar-se “”a vontade tirana de quem nem sabe quem você é, não quer saber e tão pouco se preocupa com você.
O outro merece de você respeito não merece ter poder sobre sua vida; o outro merece de você atenção humana, mas não merece de você postura indecisa e medrosa, impedindo-lhe de ser livre e senhor dos seus sonhos.
Respeitar os limites do “Eu” no espaço do “Nós” não é a mesma coisa que deixar entranhar na sua alma a vontade soberana do outro.
A vontade do outro pode querer que tudo dê errado em sua vida para satisfazer o ego despreparado, infeliz, mergulhado na acidez da inveja, do ódio e da maldade; a vontade do outro pode está em prontidão exemplar para alvejar mortalmente sonhos, vontades, desejos e extravagâncias gloriosas do entusiasmo pela vida. Resistir a esse componente atroz, aceito pela sociedade dos hipócritas é elevar a existência a patamares de felicidade exuberantes; é bater recordes olímpicos de alegrias, é subir pódios de realizações: é ter coragem de transformar corajosamente em realidade, aquilo que alheios sabiam ser bom para você e que impiedosamente se esforçam para impedir que aconteça.
Subestimar a capacidade destruidora do outro é ter uma visão ingênua do poder de malícia inserido na arte de intrometer-se para destruir.
É preciso ter percepção clara desse jogo de sedução e de maquinação afiados que se esgueiram, penetram e caminham a passos largos e confiantes, no firme propósito de fragilizar vontades.
A arte de conhecer o “outro destruidor” revela-se na capacidade de perceber no “elogio glorioso” uma forma de manter a vítima inerte e desarmada ou naquele alerta que quer parecer uma recomendação ou conselho cuidadosos para, assim, aniquilar o entusiasmo e o vigor manifestados.
Há várias classificações do “outro destruidor”; os níveis de performance variam do grosseiro, mal-educado e inconveniente, até o requintado, eloqüente, aparência de caridoso e altruísta, com alta preparação para infundir opiniões e desestruturar realizações; do ato grosseiro ao ato requintado surgem farpas afiadas, ambas atiradas com força e capacidade para atingir o alvo: o centro da sua vida ou a periferia das suas vontades que se revelam em inúmeros e valiosos pequenos sonhos que irão se somar para gerar felicidade.
Cada um de nós deve ter o claro conhecimento de si mesmo: do que quer construir, do que quer terminar, do que quer começar ou recomeçar. Esse discernimento do conteúdo e da dimensão da natureza individual, essa clarificação de ideais e de missão de vida fortalecem a nossa capacidade de nos tornarmos senhores de nossos destinos. Somente dessa forma, é possível neutralizar uma postura de marionete ou de joguete da vontade traiçoeira do outro. Não estou a dizer que devemos nos “prevenir” ou nos “armar” contra os outros; nem que devemos deixar de ouvir argumentos sábios, mas sugerindo que nos fortaleçamos enquanto pessoa que quer e vai à luta, que sonha e realiza.
Sábia decisão, permitir a você escolher;
Frágil compromisso consigo mesmo, permitir que escolham por você.
Que história você quer construir? A sua ou a que os outros querem para você?
Cada pessoa deve ser protagonista da sua vida. É a diferença entre ter uma história de vida autêntica, com altos e baixos ou promover uma grande encenação existencial.
Fracassos e conquistas são produtos de uma vida humana.
Viva! Lapide a sua existência pelos ideais de um compromisso com a felicidade, sem se preocupar que ela seja de um dia, um mês, uma vida.

*Sílvia Campos é Mestre em Administração, Especialista em Gestão Pública, Professora Universitária, Facilitadora, Consultora e Assistente Social