neste desvairado mundo o teu ameno espírito em tudo me revigora. Doce trilha conduz meu corpo em transcendente escala, há melodias e tons elevando-me às superiores esferas. O que de ti promana é dádiva, vasto encanto, é desmedido éter em que mergulho músculos e ossos para vivificação. Transito em tua órbita em regente dileção, sinfonia cósmica onde o mundo diminuto dos homens já não mais me importa. Movem-se estrelas no infinito que por ti se expande, um ciclo só não basta para viver os sonhos, para te dizer das coisas do coração... A vida passa depressa... não nos teus olhos... não nos teus lábios... não nos teus gestos... Não no teu corpo que me diz amor...
Eu escondo o meu estro insurreto dos flashes do mundo sob pedras pesadas... Há um ranço de tristeza permeando os verbos que regem a vida das palavras. A morbidez dos ritmos impera na toante da existência que passa apressada. Ao longe uma canção maviosa e solitária dos pássaros que ficaram para trás no inverno das almas condenadas. No ocaso acinzentado há nuvens que anunciam as sombras da noite em métricas assustadas. As manhãs me chegam num tempo que se prolonga em meu peito e o faz arder, e o faz padecer, e o faz expiar em copiosas lágrimas. Há uma nova aurora perdida no labirinto dos sonhos, há as estrelas que já não consigo avistar entre as elevadas vagas... e há as areias que estão a voar com o vento e fazem o meu tempo escorrer pelas mãos...