PENSAMENTO DO DIA

"A arte, meus amigos, não é um espelho do mundo, é sim, uma ferramenta para consertá-lo." (Vladimir Maiakovski)

REFLEXÃO

"Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. (Drummond de Andrade)

28 de março de 2011

REGENTE (Cacau Loureiro)


A claridade do teu afeto renova-me,
neste desvairado mundo o teu ameno
espírito em tudo me revigora.
Doce trilha conduz meu corpo em
transcendente escala, há melodias e
tons elevando-me às superiores esferas.
O que de ti promana é dádiva, vasto
encanto, é desmedido éter em que mergulho
músculos e ossos para vivificação.
Transito em tua órbita em regente dileção,
sinfonia cósmica onde o mundo diminuto
dos homens já não mais me importa.
Movem-se estrelas no infinito que por ti
se expande, um ciclo só não basta para
viver os sonhos, para te dizer das coisas
do coração...
A vida passa depressa...
não nos teus olhos...
não nos teus lábios...
não nos teus gestos...
Não no teu corpo que me diz amor...




23 de março de 2011

CÉU ABERTO (Cacau Loureiro)

















Em alma e coração eu estou para ti...
Ah! Meu peito hoje é jardim de flores amarelas!...
Reconhecer-te foi como luz e ribalta, colorido e
som refletindo a alegria de um poeta em acordes
de uma verve encantada.
Em mim tu principias a energia de dias bons, de
celeste azul, como água e moinho, vento e nau
neste mar que te abro em calmaria.
Em sortidas cores tu abres em mim dias de sol,
brilho a luzir em meus olhos opacos, em minhas
pupilas rijas.
Esta música suave que adentra os meus poros é
como outono morno a preparar-me para os mil verões,
eterno arder da vida!...
Que o teu calor dissipe amarguras, que o teu sorriso seja
a última paisagem a cintilar em meus ternários olhos...
Quero sim... Teu céu aberto em mim!...

17 de março de 2011

DESERTO E MAR (Cacau Loureiro)


Palavras doces, mãos suaves...
Como poderei dizer desta emoção?!
Apreendo meus pensamentos,
suspendo a respiração. Neste
instante sorvo tudo, todo o sol, o
teu calor, pois grande é a emoção
que me habita, que me cerca.
Não se assimila tudo de quem
domina sem amarrar, suporta
sem sufocar.
Sucumbo à sede...
Vejo-te ao longe... miragem no
meio de tanta areia... oásis para
um peito sequioso, faminta vou
ao teu encontro! Tu és fanal no
deserto dos meus desenganos.
Bebo em ti a poção que me
reanima, e muito mais... fluidos
vitais.
Quando te estendo as mãos...
Como dar a quem tanto tem?
És como calmaria no meu revolto
mar.
Seja o meu farol, a luz que aponta
o cais, a estrela guia, o porto seguro
onde eu possa atracar.

13 de março de 2011

SALMO VIGÉSIMO SÉTIMO (Cacau Loureiro)



Em desgraça cai o torpe que vive da inveja e da superficialidade.

O que se coloca como coitado ante as dádivas da existência

está morto em vida e ofertou seu espírito aos vermes.

Os lábios que enganam os justos com o doce fingimento

já está seco como a figueira que já não dá mais frutos bons.

Não é proveitosa a alma que se esconde sob subterfúgios

e dissimula bondade angariando discípulos levianos.

Escravo de si mesmo é o vaidoso que sob a capa da dolosa

simplicidade fere e mancha o caráter dos homens simples.

Nenhuma máscara mantém-se perante a justiça do Eterno,

pois que os enganadores desonram o templo que frequentam

com torpezas e iniquidades.

Quem ressalta seu opróbrio já teve sua recompensa, pois pior

que se calar ante a injustiça é ser o estandarte da falsídia.

Quem propala a mentira não é pior do que o que publicamente

planta a discórdia, porque do ramo do espinheiro não nascem

flores, e só do túmulo dos ofensores e que debandam gafanhotos.

Onde pousas tuas mãos agora o homem perverso, em que dossel

descansas a tua cabeça, o que teus pensamentos maquinam?!

Ninguém vê mais do que os olhos do Supremo Criador, como

ousas serpentear para ocultar tuas mazelas, pois que só o

Grandioso retira o véu e lança nossas faces à Sua luz?!

Desde os primórdios o mundo é povoado por hipócritas e

os teus pés nãos seguem em outra direção, porquanto

adentram a lama fétida.

Há dois mil anos o Mestre da Vida portou o cajado da

benignidade e por isto foi escárnio para os homens,

até quando serás escravo do orgulho herodiano e da

falácia dos modernos fariseus?

Onde depositas o teu futuro hoje quando a tua visão

é curta e a tua vida terrena breve?!

Em vão tu te escondes atrás das cortinas da religiosidade

e ainda assim manchas o manto Divino e azedas o sangue

do Cordeiro com falso juízo dogmático.

O Altíssimo tudo vê e tudo sabe e não há moeda neste

mundo que O compre, oh! homem corrompido e tolo.

Quem planta a derrota de um irmão não colhe louros nesta

e nem noutra morada, só o Maior entre todos detém todo o

poder e glória. Amém!

10 de março de 2011

BASTO (Cacau Loureiro)


Temporal fecundo banhando-me em melodias de

afeto, encharcando-me a alma deveras encantada;

frescor aquoso que frutifica o meu sorriso e traz

profusão às minhas horas mortas.

Como não dançar na chuva, como não cantar

as odes que me tomam e ocupam-me os dias

estacionários, meus pensamentos vazios?!

Como abastado córrego deixo fluir as tuas correntes

generosas, tesas águas onde mergulho sem receio

o meu apreço, tantas quimeras.

Sede que me mata em avidez e faz vir à tona

esta vontade de beber em teus lábios, de imergir

em tua boca e diluir-me em teu corpo.

Substância visceral a espargir-se por meus poros,

a ocupar-me em ambíguas sensações.

Capricho que me abraça e abarca sensibilidades

e delírios.

Paixão torrencial, nascente de desejos, cristalino

vício, águas de março a afluírem em meu peito!...

6 de março de 2011

REPTO (Cacau Loureiro)


Há luzes a bailarem em derredor...

farol de ternura...

Finos laços vigorosos a amarrarem

meu indomável estro.

Ao mar a canção terna a compor-se em

meus ouvidos, a adentrar minha alma.

Onde fantasiei encantar, encantei-me.

Há uma lira singela a permear os meus

versos, há um vento matreiro a balouçar

meus cabelos.

Viração da vida a enfunar minhas velas

a um imenso oceano de apegos.

Lanço ao horizonte meu olhar, não há

limites para as rotas dos desejos!...

Aragem que aspiro pela boca e que saboreio

pelos poros... Viagem em perfumes, aromas,

buquês, olhos, paladares, lábios, papilas...

Todos os estímulos?!... Navegar em ti!...

5 de março de 2011

GÉIA (Cacau Loureiro)

Estrela da manhã que eterniza todas as ensolaradas
alvoradas...
Chuva de afeto a restaurar vidas esfaceladas...
Vésper que anuncia a transformação pelo elevado
amor, fogo eterno a queimar as cinzas dos homens
e a calcinar as dores da Terra.
Luz que relampeja nos confins da esfera
divina e ilumina os profetas, ária melodiosa
que desperta os sábios para os acordes do céu.
Flor perfumada que inspira os deuses a criarem
Gaias em paraísos de sonhos.
No olhar todos os mistérios não o ocultos aos
videntes, todos os versos a apaixonar os aedos,
todas as rimas a reavivarem Titãs.
Diamante raro, negra pérola, amor de mar a mar,
Mãe, Fêmea, Deusa, Ninfa, Mulher, Egéria!...

4 de março de 2011

VAZÃO (Cacau Loureiro)


Eu escondo o meu estro insurreto dos
flashes do mundo sob pedras pesadas...
Há um ranço de tristeza permeando os
verbos que regem a vida das palavras.
A morbidez dos ritmos impera na toante
da existência que passa apressada.
Ao longe uma canção maviosa e solitária
dos pássaros que ficaram para trás no
inverno das almas condenadas.
No ocaso acinzentado há nuvens que anunciam
as sombras da noite em métricas assustadas.
As manhãs me chegam num tempo que se
prolonga em meu peito e o faz arder, e o faz
padecer, e o faz expiar em copiosas lágrimas.
Há uma nova aurora perdida no labirinto dos
sonhos, há as estrelas que já não consigo
avistar entre as elevadas vagas... e há as
areias que estão a voar com o vento e fazem
o meu tempo escorrer pelas mãos...