PENSAMENTO DO DIA

"A arte, meus amigos, não é um espelho do mundo, é sim, uma ferramenta para consertá-lo." (Vladimir Maiakovski)

REFLEXÃO

"Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. (Drummond de Andrade)

31 de março de 2010

COLHENDO OUTONOS (Cacau Loureiro)

Doces frutos têm as árvores frondosas e que
dulcíssimos frutos possam ser ofertados em
nossas mesas. Convidemos o próximo ao
nosso banquete, vistamo-nos com nossos
melhores trajes, compareçamos com boa
vontade, sejamos, pois, como os trabalhadores
da última hora. Que sejamos escolhidos e
ouçamos o chamado.
Que o gólgota não seja símbolo de sacrifício,
mas que seja a renovação de nossos espíritos
para a luta que há de vir, que nos seja ampla
a libertação e a vitória na seara da bondade.
Que sejamos pão e vinho para as nossas crianças,
que sejamos verbo e caminho para as sementes
que plantamos, que o bem maior que colhermos
seja o que o Criador nos ensinou, o amor maior!

QUEM DERA (Cacau Loureiro)

Quem dera eu ser poeta
e rimar o meu pranto com
tua alegria, versejar nos
caminhos, os pés descalços
dos meninos nus que vagueiam
pela madrugada, através das
calçadas que refletem a lua.
Quem dera eu ser cantor
e na melodia quente amenizar
a dor que causa o ritmo lento
dessa humanidade desafinada,
onde não se repercute a fé.
Quem dera eu entender o
mundo e galgar no tempo
a minha juventude, sem pesar,
sem penar, sem esmorecer na
distância o que cultivei no peito.
Quem dera eu enxergar o que
não fui, o que sou... fitar além,
muito além do que os meus pés
alcançam, o começo de tudo.
Quem dera eu, meu Deus, por
tua justiça e por tua lei começar
tudo outra vez... e caminhar
através desse solo seco, mesmo
não tendo os dois pés no chão.

29 de março de 2010

MALBARATO (Cacau Loureiro)


Na hora aguda quando se fez imprescindível a escolha,
a voz emudeceu. Não houve a sustentação do olhar e a
omissão pesou sobre a cabeça do parco; não é lutador
aquele que dobra a espinha para a derrota antes da batalha.
Ganha-se uma peleja com ossos e músculos, indispensável
a tenaz vontade.
Não respeito os que entram na arena da vida para
obterem meia vitória, pois que aprendi dignidade e
confiança ainda no ventre de minha mãe.
Dentre todas as bandeiras, eu estendo a da verdade,
dentre todos os escudos eu amparo-me na esperança.
Causa-me espanto os derrotados de plantão, os
miseráveis de instinto, porque pautam suas existências

no que sobra dos covardes, na sombra da submissão.
Para aquele que nunca expressou a disposição para o

brado da valentia eu ordeno o silêncio.
A paz, nós sabemos, só a tem aquele que verdadeiramente
litigou. Não tem minha deferência aquele que se debateu
no fosso das incoerências, onde os espíritos
asquerosos
fincam suas raízes e adormecem "ad aeternum".
Os louros que eu busco não estão nas mãos alheias,
pois que jamais chamei à raia um fraco, não há

justificativa quando vencemos um indolente.
O mundo está cheio de idealistas estáticos, acorrentados

por seus próprios grilhões de medo, desfalecidos no
desprezo e na indiferença que causam ao mundo.
Num relance eu trago à tona todo o passado, reviso os

fatos, não vejo os rastros dos companheiros, o vento e a
poeira deram-me as mãos, contudo não carrego os ecos
do remoto tempo e nem os remorsos dos que nada fizeram,
estou inteira, absoluta e absolvida.
Jamais edificarei meus sonhos na lama dos inconfessos,
tampouco semeio no lodo dos renegados.
Eu aprendi a ter caráter no seio de minha geratriz, porque
ali nutri minha alma não o meu corpo.
A luta não me ensinou a ser sábia, fez-me valente, pois o

sangue dos inocentes fez-me humana, não impassível.
A flecha que me atravessa o peito faz-me digna de minha

história, não mais me dói. Estou aquém dos deuses e muito
além dos homens e das criaturas arrancadas donde não sei.
Os gritos que ouvi empunhando a minha espada não eram dos

inimigos cruéis, eram os meus...
Para aquele que me viu ser atraiçoada e não me defendeu eu

deixo a suprema lei e a minha repulsa silenciosa.

27 de março de 2010

ARAUTO (Cacau Loureiro)


Teçamos outros caminhos sabendo que o itinerário
não tem volta, porque o outrora traçado já deixou
seu ensinamento.
É hora de seguir a direção dos bons ventos, o curso
das águas claras; não mais dar braços ao passado ou
ouvidos aos indiferentes.
É hora de vivenciarmos a profunda comutação que
se opera em nós apesar dos abalos do mundo.
Não aprendamos, apesar dos muitos “profitentes”,
o sermos banais, omissos, pois alguns só são felizes
lustrando suas próprias imagens no espelho das
insígnias que os cercam.
Não nos ocupemos dos que trazem a discórdia nas
mãos como se fosse a bandeira da paz.
Não nos apiedemos dos rastejantes de espírito, não
nos toquemos com os vazios de alma, não nos incitemos
com os falaciosos oradores e nem com os bonzinhos demais;
ignoremos os demagogos de plantão, dispensemos os
falsos idealistas, não levantemos os pendões que matam
a esperança e proliferam a guerra, não percamos mais
tempo com os pusilânimes.
Usemos nossos talentos e sensibilidade para sermos os
arautos de um novo tempo de ideologias sinceras com
o real cunho da transformação que na verdade deverá
começar em nós mesmos!...

24 de março de 2010

SALMO DÉCIMO SÉTIMO (Cacau Loureiro)


Aquele que articula suas mazelas para engodar o
firme, jamais se levantará!...
Que caiam por terra os que dão ouvidos a fraude
sem buscar o fato fidedigno.
Pai Poderoso, aguardo em Ti o que é de direito,
posto que os devassos continuam a espalhar
o cinismo por sobre a tua aldeia larga.
Dilata, Santíssimo, as minhas vistas para que eu
possa ver os prepotentes, estenda oh Pai, o meu
entendimento para que eu livre-me dos males
que os sórdidos apregoam.
Abriguei-me Senhor sob o teu telhado para que
eu pudesse apreender os teus ensinamentos e andar
firme depois da tempestade. Por isto, eu limpo o
meu coração dos detritos humanos para receber
os teus conselhos em harmonia, em paz.
Aparta oh Pai, os traidores e os impostores do
meu caminho, pois que já não mais cultivo a
paciência conclamada por teus escritos longevos.
Nenhum humano está isento dos teus provérbios
de equidade e eu prostro-me ao que para mim está
designado, não tenho medo.
Mas, eu sei que o teu látego é vigoroso e enérgico,
ponho nele a minha crença e confiança.
Poupa-me Deus meu da corruptela que obstrui
o caminho dos que seguem com integridade.
E que aqueles que são contaminados pelas palavras
capciosas e embrenham-se no ardil dos ordinários
possam conhecer o teu cinzel de retidão e probidade.
Afasta Senhor, poupa-me dos velhacos que transformam
esta passagem terrena em atos de politicagem e ingratidão.
Redime o Pai aqueles que adulteram e dissimulam as tuas
palavras santas e conspurcam as tuas libações de santidade.
Em teu cálice honroso eu quero beber à tua aliança e que eu
possa pelo sangue do teu filho predileto ser purificado,
convertendo-me num ser virtuoso, honrado e corajoso. Amém.

21 de março de 2010

DELÍRIO (Cacau Loureiro)


Quando nossos olhos cruzam-se e tu foges
da minha petição, fica ainda o perfume das
acácias a pairar no ar, assim como permanece
o meu desejo.
Por que com selvagem instinto refugas e
trotas o chão ariscamente?!
O meu diálogo eu teço caprichosamente no
pequeno instante em que se sondam nossos
olhos, e digo-te tanto falando tão pouco...
A multidão cerca-nos, mas o meu mundo
fechou-se já em ti.
E as palavras ainda diminutas dizem-nos
de tal maneira; e os olhares furtivos falam
tão alto!...
Estou pedindo permissão e sei que já tenho
licença, contudo o jogo da sedução inebria
como vinho, é carmim como o fogo que me
alimenta os sentidos.
O sol que vai alto passa despercebido ante
a metafísica que nos envolve, pois que a tua
rara beleza, esbelta e jovial dança ao derredor
movimentando sorrisos.
Alguém dedilha o violão, a canção que ouço já
tomei para nós, toca profundamente em mim.
Há o flerte no corpo, na boca, no doce da tua voz.
O que dizes é música aos meus ouvidos, porque
não há constrangimentos e já não tenho pressa,
posto que o encontro aconteceu.
Não te desnudo, porquanto tua arquitetura
mais que muito eu domino.
Há uma luz que adentra a minha porta como
abrasador clarão...
Ah! Quando eu pegar a tua mão, ah! quando eu
pegar a tua mão... faremos a mais linda viagem!...

SALMO DÉCIMO SEXTO (Cacau Loureiro)


Pai de infinita bondade, é desalentador crer nos homens,
embora, sido feitos a tua semelhança não demonstremos
a mesma face.
O gérmen da discórdia está arraigado em suas entranhas e degenera suas virtudes postas por ti em nós como a carne
imersa em tonel de álcool.
Enquanto não levantarmos nossos olhos e não alçarmos
nossos corações aos céus, a sombra dos desencontros
nos alcançará.
Um coração de pedra meu Deus, é fácil de ser quebrado
e pedaços não se multiplicam para criar o todo proveitoso.
A contenda ainda impera em nossas arenas, e nós como
abutres, não largamos as vísceras fétidas dos interesses
mundanos.
Senhor, as águas, quando aparentam placidez é porque
no subterrâneo movem-se os infortúnios dos que professam
os males, pois que suas raízes são profanas e atormentadas.
Valei-nos oh, Justíssimo!
Ajuda-nos oh, Eterno a botar fora o azeite estagnado que
represamos em nossos cântaros envelhecidos pelo
desencanto e pela desilusão.
Raspai oh, Pai a futilidade que como crosta aderiu em
nossas peles e tornou nossos espíritos ásperos.
O cordeiro que vivia em nós, há muito foi supliciado
e não mais lhe permitimos a ressurreição.
A morte em vida nos ceifa a esperança, e sem este
galardão não se prepara futuro algum.
Extirpa-nos oh, Brando o fel que contamina nossas
almas da presunção e da petulância, com teu zéfiro
afasta de nós a fraude e a injúria.
Tira Deus meu o poder dos tiranos, pois que não há nada mais
fugaz do que o poder terreno diante da tua potestade divina.
Abre-nos as cortinas e apresenta-nos os teus castiçais de iluminada sabedoria e queima grande Pai o véu que nos estorva a visão.
Por misericórdia Deus meu, arrancai de nós o espírito imundo e
lava-o com tuas próprias mãos e devolva-nos retorcidos como
roupa lavada sobre pedras dos teus rios de águas correntes, mas,
devolva-nos limpos.
Amansa oh, Senhor, a fúria das palavras que nos remetem
feito feras sobre nossos irmãos indefesos.
Retém oh Senhor, nossos atos de destruição que como terremoto balança o chão dos que desconhecem as tuas palavras e o teu sacrifício.
Intercede oh Digníssimo, ponha a tua mão que tudo
alcança e aplaca a ira dos usurpadores, ponha a salvo
todo aquele que justifica a tua soberana vontade.
Dá-nos Senhor, humildade e mansidão e afasta de nós a omissão e a ganância, porque o que se diz dono de tudo
não é digno de ser filho do dono deste mundo .
Pai de amor e também de austeridade, faça a tua justiça como
te convém, mostre-nos de uma vez que só tu és tremendo!

18 de março de 2010

SALMO DÉCIMO QUINTO (Cacau Loureiro)


Pai de infinita bondade, ponho-me diante
de ti em reverência para que possas sagrar
o meu ânimo com coragem.
Os homens vivem afeitos à ganância dos
bens materiais. Faça-me Senhor, simples
para que eu aprenda a viver com o necessário.
O homem débil anda as cegas em busca desenfreada
pelo futuro e esquece-se de plantar o seu melhor
no hoje. Faça-me Senhor agradecido para cultivar
o presente como a tua melhor graça.
Os teus campos sobejam em trigo e em flores,
por que o homem fecha-se a partilha?!
A cegueira grassa por este mundo de muitos
donos, pois que os pretensiosos renegam que
só Tu és Senhor de todas as coisas e causas.
Ouça a minha prece oh Pai de Ilimitada benignidade
para que o teu fanal de luz derreta seus corações
de pedra. O chicote daqueles que pisam a tua
seara não transforma e nem corrige, antes humilha
e degrada. Venha com a tua santidade marcar um
novo tempo no espírito dos teus filhos brutos.
Alargai oh pai a tua eira e faça pesar a tua charrua
em nossas mãos para que valorizemos as tuas sementes
e o teu eterno labor para a nossa real transformação.
Deitou-se em omissão a humanidade, até quando
descansaremos no impróprio?!
As correntes que nos prendem já não fazem tanto
alarde, à surdina escraviza-nos e corrompe-nos,
porque a perdição é sorrateira como a serpente.
O sangue do teu Primogênito não fora o bastante?!
Continuamos a assistir estáticos a crucificação dos
teus bons filhos; não esboçamos quaisquer reações
e ocultamos a tua justiça atrás de nossa torpeza.
O homem manipula, mente e entrega seu irmão à
miséria, sucumbe aos caprichos mundanos da carne.
O amor como nos ensinastes está perdido no verbo
da difamação e na estratégia dos blefes.
Desça sobre nós oh Pai a tua verdade como luz

que liberta e desvenda o oculto.
Limpe com o teu bordão os nossos pés que com

desgraça calçamos.
Os líderes da tua nação andam cabisbaixos, pois
que a cobiça e a cupidez viraram o adorno de suas
frontes, que o teu ungido com a jóia de lótus, oh

Grandioso, traga-nos a verdadeira iluminação.
Assim seja.

17 de março de 2010

CANTAREI (Cacau Loureiro)

Na desarmonia
dos meus passos,
cantarei a rebeldia
dos meus versos.
E se tolherem essa
voz que vem da alma,
rimarei os sonhos,
porque os meus
são livres.
Viverei de livres
versos, porque
soltos são os
caminhos da alma,
porque leve é a luz
que nela se espelha.
E se mesmo assim
ainda me tolherem
o cantar, viverei
do riso, porque o
riso é a minha alma,
porque minha alma
é riso.
Porque em minha alma
origina-se a vida.
Porque a minha vida
é canto!


TEREMOS TUDO (Khalil Gibran)


Vós rezais nas vossas aflições e necessidades.
Pudésseis também rezar na plenitude
de vossa alegria, nos dias de abundância,
Pois que é a oração senão a expansão de
vosso ser para o éter vivente?
Quando rezais, vós elevais até encontrardes,
nas alturas, aqueles que estão orando à
mesma hora, e que, fora da oração, talvez
nunca encontrásseis.
Portanto, que vossa visita a este templo
invisível não tenha nenhuma outra
finalidade, senão o êxtase e a doce
comunhão.
Pois se penetrardes no templo unicamente
para pedir, nada recebereis.
E se nele entrardes para vos curvar,
ninguém vos erguerá.
E mesmo se aí fordes para mendigar
favores dos outros, não sereis atendidos.
É bastante que entreis no templo, invisível.
Não vos posso ensinar a rezar com palavras.
Deus não escuta vossas palavras, exceto
quando Ele próprio as pronuncia através
de vossos lábios.
Eu não vos posso ensinar a oração
dos mares, das florestas e das
montanhas.
Mas vós que nascestes das montanhas,
das florestas e dos mares, podeis
encontrar vossas preces no próprio coração.
E se somente escutardes na quietude
da noite, ouvi-los-ei dizendo em silêncio:
Deus nosso, que sois nosso eu alado,

é Vossa vontade em nós que quer.
É Vosso desejo em nós que deseja.
É Vosso impulso em nós que pode
transformar nossas noites, que Vos
pertencem, em dias que também
Vos pertencem.
Nada Vos podemos pedir, pois Vós
conheceis nossas necessidades antes
mesmo que nasçam em nós.
Vós sois nossa necessidade.
Dando-nos mais de Vós,
TEREMOS TUDO.

(Texto Do Livro “O Profeta” de Khalil Gibran)

15 de março de 2010

INTEGRAL (Cacau Loureiro)


As pessoas usam chavões politicamente corretos para insuflar o seu ego e obter vantagens, sou dura nisto que digo, pois que viver na carne este tipo de hipocrisia é algo que me faz muito mal. Confesso que fico magoada com esta “gente decepção”, mas, isto não me faz pior, muito pelo contrário, consigo superar este tipo de enganação, fazendo-me melhor ainda como pessoa, como habitante deste mundo perdido em egoísmos e ambições desmedidos. Sinto pena daqueles que dissimulam suas vidas sob a máscara da convivência política. Imagino que a política (política mesmo) deste país já é algo de dar asco, imaginem vivenciar a política permeando as relações humanas?! Bem, vacinei-me contra isto já faz algum tempo, mas, como não devemos desistir das pessoas, a gente tenta um pouco mais ao depositar confiança nos “políticos” de plantão do nosso dia a dia.
As minhas realizações pessoais não vêm pelas mãos dos homens, permitidas são pelo meu espírito imbuído de disciplina para esta realização, e isto também conjugando outras obrigações da existência para com marido, filhos, parentela, amigos e também para com àqueles que nos vem pelos canais da escalada da vida. Há pessoas que só sabem lidar com os aspectos práticos de suas existências, esquecendo-se das demais inclinações, para não dizer missão, que é o de dividir o que tem de melhor com as pessoas e ficam no nível do mais ou menos. A vida mais ou menos que os seres levam é que me angustia, pois que elas trabalham mais ou menos, elas dividem mais ou menos, elas choram mais ou menos, elas sorriem mais ou menos, elas conceituam mais ou menos, elas sentem mais ou menos, elas têm mais ou menos amigos, elas amam mais ou menos. E esta vida de meio a meio torna-se incompleta para quem o vive, e obrigam os outros desta forma a conviverem com isto.
Vejo pobreza na humanidade, infelizmente, e gostaria de ter outra visão, tenho aguçado os meus instintos para descobrir aquele que realmente é tocado, tocado pelos dons da vivência cristã, digo aqui cristã, não como princípio doutrinário de quaisquer que seja a religião, pois que não professo nenhuma. Meus olhos testemunham os fúteis batalhando guerras inglórias, pois que não há verdadeira vitória quando não levamos na fronte a auréola e o corolário da justiça e da dignidade.
Conheci pessoas que se agarraram a sonhos vãos, almejaram o poder e não se aperceberam que tinham perdido o seu maior tesouro. O que eu busco está para além desse mundo dos homens e não receio de forma alguma o que advirá após esta vida de agora, porque o que sou hoje, amanhã não temerei continuar sendo.
Sei que minha visão ainda é muito limitada para esta consciência do divino que existe em mim, por isto eu seja crítica demais, como também acredito que não podemos esconder o que somos, e a coragem para se mostrar é para alguns poucos. Portanto, em tudo e onde, eu "estou", eu apresento-me inteira, sem máscaras, sem dissimulações, sem hipocrisias, pois que só quando nos apresentamos completos somos capazes de mudar a nós mesmos e mudarmos o outro que conosco caminha.
Por isso eu não acredito em pessoas água morna, não confio em pessoas vaselina, não creio nos frios e calculistas, não me fio nos que não alteram o humor nas 24 horas do dia, porque vida é movimento, é ação, é comprometimento, é sim e é não. O “talvez”, não convence, o “quem sabe” nunca virá e o “se” não existe.

10 de março de 2010

SALMO DÉCIMO QUARTO (Cacau Loureiro)


Eu litiguei meu Pai para trazer os homens ao
meu coração onde vibra a tua esperança.
De mãos limpas e alma em festa convidei-os
ao meu banquete de ofertas.
Jamais reparti minhas sobras, dividi o que
havia sobre minha mesa.
Pai, eu fiquei com sede para não abandonar
os teus prediletos no deserto das misérias.
Deixei de comer para levantar os teus filhos
da sarjeta, por isto ponho o meu pranto em
teu sacrário para que alivies o meu coração
amargurado.

A ingratidão é perniciosa, praga que avança
cegamente...
Quando vier a tua justiça pelas torrenciais
águas da depuração, como ficarão eles?!
Quando a tua justiça vier como o fogo
que purifica e renova, como ficarão seus
espíritos inertes?!
Sei que nossas almas pertencem-te e na
palma de sua mão somos filhos estimados,
portanto, eu não temo o transpasse. Contudo,
eu quero viver agora a tua promessa espiritual!
A face humana tem mil máscaras, o profundo
humano tem mil artifícios e estão disformes,
venha Senhor com o teu baraço endireitar os
caminhos.
A torpeza humana invade o mundo como o mar
bravio as ruelas da mãe Terra. A falsidade vai à
pino como um sol que arde há milênios.
A mão que se estende é a mesma que agride,
o sorriso que se abre é o mesmo que maldiz.
Pai, eu busco o teu entusiasmo em cada esquina,
mas, tuas crianças choram maltrapilhas, abandonadas.
O homem de poder tem seu ornato e seu engendro,
e sua bandeira é a omissão. Valei-nos oh Deus, pois
que as lágrimas que rolam nas faces são as mesmas
que aprofundam as covas para os teus peregrinos.
Misericórdia para a raça humana tão indigna do
teu sacrifício e da tua santidade!...
Neste mundo vão de homens sem a centelha de
Deus eu testemunho tanto sofrimento, eu constato
tanta injustiça, eu presencio tanta covardia!...
Dê-me forças oh, Pai para ser voz que ressoa
nas sombras incitando que brilhe a tua luz.
Que eu tenha olhos perspicazes para me antepor
ao ladino e defender um único justo que seja.
Permita-me Senhor, ser escudo neste campo de
guerras sorrateiras e dissimuladas. Abunda-me
Senhor de coragem para estar na linha de frente
do teu poderosíssimo exército sem empunhar
quaisquer armas e que o meu estandarte seja
para todo o sempre, a tua paz!

9 de março de 2010

ADEJAR (Cacau Loureiro)


Sou fiel ao meu coração...
Onde planto meus sonhos e sensibilizo
minha alma.
Lugar onde encontro a paz para sobreviver
aos tolos, aos parcos de espírito.
E na dureza do caminho o meu foco cresce
como filhote de ave ainda presa no ninho
almejando a libertação.
Mas, eu quero voar ao firmamento das
grandes obras com a ingenuidade de
uma criança, sem porquê e sem razão,
pois que os simples são os que edificam
para além do conceitual.
E vou de encontro à liberdade seja pela
emoção seja pela força que de mim
promanam como princípio vital.
Meus desejos oníricos são tão reais
quanto as minhas letras que ardem,
quanto as minhas rimas que sangram,
quanto aos meus caminhos que choram,
mas que ainda sobrevivem aos males
do mundo, aos fracos de alma,
aos covardes da Terra.
Minhas asas quebradas não me impedem
de altos voos alçar... pois que minhas
penas são maiores que minhas quimeras.
Em meu reino poético, apesar dos insensíveis,
eu irei para sempre adejar...

8 de março de 2010

O HOMEM E A MULHER (Victor Hugo)



REFLEXÃO DE MADRE TERESA DE CALCUTÁ


O dia mais belo? HOJE
A coisa mais fácil? ERRAR
O maior obstáculo? O MEDO
O maior erro? O ABANDONO
A raiz de todos os males? O EGOÍSMO
A distração mais bela? O TRABALHO
A pior derrota? O DESÂNIMO
Os melhores professores? AS CRIANÇAS
A primeira necessidade? COMUNICAR-SE
O que mais traz felicidade? SER ÚTIL AOS DEMAIS
O maior mistério? A MORTE
O pior defeito? O MAU HUMOR
A pessoa mais perigosa? A MENTIROSA
O pior sentimento? O RANCOR
O presente mais belo? O PERDÃO
O mais imprescindível? O LAR
A rota mais rápida? O CAMINHO CERTO
A sensação mais agradável? A PAZ INTERIOR
A proteção mais efetiva? O SORRISO
O melhor remédio? O OTIMISMO
A maior satisfação? O DEVER CUMPRIDO
A força mais potente do mundo? A FÉ
As pessoas mais necessárias? OS PAIS
A mais bela de todas as coisa? O AMOR

7 de março de 2010

POEMAS PARA TODAS AS MULHERES (Vinícius de Moraes)


No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
Melhor seria morrer ou ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos...
Correi, correi, ó lágrimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa à lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o [cântico dos cânticos
Que eu não posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!

Poema extraído do livro "Vinicius de Moraes —
Poesia completa e Prosa", Editora Nova Aguillar —
Rio de Janeiro, 1998, pág. 262.

OS MISERÁVEIS (Cacau Loureiro)


Incrível como a torpeza humana chegou ao nível do surreal. Isto não é questão de julgamento, é fato constatado cabalmente. A disponibilidade que o ser humano tem de subjugar-se ao outro por mesquinharia estarrece-me. Chegamos a um ponto que a nossa carência afetiva torna-nos manipuláveis e omissos; alcançamos um ponto tal de egoísmo que sequer percebemos as mãos que nos são estendidas nas “esquinas” das nossas convivências; fechamos os olhos e os ouvidos à nossa própria miséria interior. Chegamos num patamar de ambições que dispensamos relações de amor porque queremos ser “alguém”, almejamos o “sucesso”. O que será ser “alguém de sucesso” sem o verdadeiro amor partilhado?! Como será conviver com a escolha de não vivenciar o amor?! Já não sabemos mais dividir, sentir ou pressentir o outro como àquele que contribui para o nosso crescimento real, preferimos ouvir falsas ladainhas e elogios maquiados.
Contamos em rodas de amigos os nossos feitos profissionais, as nossas viagens excepcionais, as nossas capacidades criativas e fantásticas, falamos sobre os nossos conhecidos ilustres, mas não sabemos contar um conto de um verdadeiro amor vivido e de um afeto edificado. A humanidade prefere chorar amores esquecidos, jogados no fosso da indiferença, está e vive pobre de emoções. Não nos tocamos que para tocar a vida é preciso tocar os seres em suas verdadeiras dimensões.
Nós humanos tornamo-nos curtos, parcos, destituídos do sentido da divindade a cada dia mais mortificada em nós. Muitos vivem dentro de templos, igrejas e afins buscando restituir-se á vida, e não sabem que os seus assassinos diários estão ocultados, escondidos e protegidos em suas dissimulações interiores, alimentados vampirescamente por seus próprios sangues. Matamos o amor que vivifica quando as nossas ambições envenenam nossos caracteres, quando nosso orgulho torna-nos surdos para a súplica daqueles que nos amam; quando a nossa vaidade atropela os que nos estão próximos por esta estrada da vida.
Malogrado é aquele que ignora e dispensa a construção do amor pelos afetos passageiros e superficiais. Onde e quando foi que abandonamos o divino depositado em nós em tempos remotos, o sopro essencial que nos diferenciava em humanidade? Outrora fomos escravos submetidos ao esforço físico e á degradação moral, hoje arrastamos as correntes da indiferença que retalia o outro e que nos aliena e distancia cada vez mais de nossa identidade humanóide. Somos miseráveis quando jogamos fora a oportunidade de adquirirmos reais valores por um presente fútil, vazio, efêmero e perdemos o ensejo de construirmos um futuro rico em afetos verdadeiros, somos desgraçados quando nos negamos engendrar uma verdadeira humanidade projetada como exemplo para os anais da eternidade!

4 de março de 2010

CONVERSAR É UMA FORMA DE AMAR (Márcia Tiburi)


O diálogo foi uma das questões mais importantes no surgimento da filosofia. Serviu de modelo teórico de uma ação prática. Platão, na antiguidade clássica, usou-o como estilo para mostrar que a filosofia dependia da conversação. Ele queria mostrar que ela não era uma teoria isolada das relações humanas. Que nascia da diferença do pensamento de cada um que entrava em contato com o pensamento de outro. Chegou a dizer que o pensamento era o diálogo da alma consigo mesma num sentido muito próximo do “falar com os próprios botões” que conhecemos tão bem. Pensar era uma questão de linguagem. O pensamento precisava das palavras, da gramática, da língua, do imaginário, do mito, para se expressar e, por isso, o cuidado com a escolha e o uso de todos estes elementos era tão essencial.
Da conversação é que surgem todas as nossas relações sociais: desde a família até as decisões políticas, passando pela amizade e pelo amor. É porque não sabemos que a arte da conversa é muito mais do que a mera persuasão, que convencimento ou sedução, que perdemos de vista sua função ética. Conversar serve para criar laços sinceros e reais. Com ele se funda o que chamamos sociedade cujo laço essencial é o amor, segundo Humberto Maturana, importante biólogo e filósofo chileno da atualidade.

Ninguém conversa mais

Desaprendemos de conversar por alguns motivos. Um deles é o descaso que temos com as palavras. Nem nos preocupamos em conhecê-las, não avaliamos a história da humanidade que nelas se guarda. Não imaginamos que palavras tão comuns quanto liberdade, memória, história, pensamento, prática, e tantas outras possuem uma vasta história. E não se trata apenas da etimologia, da origem dos nomes, mas da função simbólica, do que está guardado nas palavras como sentido que vai além delas e mostra o mundo humano dos afetos, sentimentos, desejos, projetos. Não apenas os poetas e escritores devem cuidar das palavras, mas todos os humanos.

Conversar é perigoso, dizem os donos do poder

A má política, aquela que se separou da ética, sempre soube o quão perigoso para si mesma era a conversação. Nos campos de concentração da Alemanha nazista era comum a separação de prisioneiros de mesma língua e o convívio de prisioneiros de nacionalidades diferentes. Podemos chamar “violência simbólica”, segundo a expressão do sociólogo do século XX Pierre Bordieau, a este gesto de impedir o contato pela palavra. Sabiam os nazistas que este era um procedimento de tortura mental e também de proteção do regime. Sabiam que a conversa sempre aproxima os seres humanos por criar afetos e, deles, pode surgir algum projeto que modifique alguma coisa que alguém desejava ver sempre igual. A conversação cria cumplicidade. Por isso, todas as instituições autoritárias proíbem a conversação.
Mas o problema maior em nossa sociedade atual é o fato de que incorporamos a proibição da conversa. Introjetamos o medo do contato. Não sabemos mais conversar, perdemos o estímulo quando caímos em depressão ou morremos de medo quando somos tímidos. A frase de Sartre “o inferno são os outros” muitas vezes pode nos socorrer diante do pavor do contato e da relação mais íntima com quem poderia vir a ser um amigo.
Quantas vezes parecemos conversar, mas isso não ocorre. Conversações estranhas, porque sem diálogo, aparecem quando numa festa, num encontro casual, ou na escola, no trabalho, ou mesmo em casa, contamos sobre um filme que vimos. A pessoa a quem nos dirigimos, quem deveria conversar sobre o que lhe dizemos, recorre imediatamente a outro filme que ela viu ou diz não gostar de cinema. Fazemos isso e assim nem conversamos sobre o filme assistido por quem narra o fato, nem o visto por quem o ouve. Perdemos a capacidade de prestar atenção no que foi dito. A capacidade de escutar está em extinção. Se usarmos outro exemplo perceberemos o fenômeno de modo ainda mais claro: quando alguém fala de seus problemas, o outro, aquele que deveria ouvir, sempre comparece com seus exemplos interrompendo a atenção necessária à exposição do primeiro, quando não chega a dizer “não quero ouvir, pois isso não me acrescentará nada”, como se conversar – o que fazemos de mais humano - fosse uma troca mercantil de lucros e ganhos. Ou ainda, interrompe com um “eu sei” prepotente, inviabilizando toda descoberta. Em outras palavras, nos tornamos – em graus variados - incomunicáveis. Em tempos de comunicação de massas, numa sociedade estimulada pela mídia que nem sempre cumpre com seu papel de comunicar, esta se tornou uma questão essencial.

O que teremos a nos dizer no futuro?

Walter Benjamin dizia que a incapacidade de narrar experiências comunicáveis resulta das experiências negativas que sofremos. Um soldado que vai a guerra é o seu exemplo, mas podemos usar nossos mais próximos: aquele que vive na rua sem lar, o que vive na miséria material qualquer que seja, aquele que se sente só num asilo, num orfanato, num hospital. Que criança será capaz de sobreviver em sua intimidade se nenhuma linguagem será capaz de expressar o sofrimento que ela viveu na pele perambulando pelas faróis e, do outro lado, não havendo ninguém que possa ouvi-la? Que poderá ela nos dizer se chegar a ser adulta? Não temos o que dizer aos descendentes de escravos, aos aviltados históricos deste país?
O que temos nós, de fato, a dizer e a ouvir desta esta criança nas ruas? Elie Wiesel, autor de A Noite, quando criança assistiu à morte por enforcamento de um menino num campo de concentração. A condenação fora a condenação do futuro e de toda a humanidade. Mas ainda podemos corrigir os erros. Melhor começar conversando direito, descobrindo o que temos a dizer e ouvir.
(Marcia Tiburi é graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Site: www.marciatiburi.com.br)

RECEITA PRA LAVAR PALAVRA SUJA (Viviane Mosé)


Mergulhar a palavra em água sanitária.
Depois de dois dias de molho, quarar ao

sol do meio dia.
Algumas palavras quando alvejadas ao sol
adquirem consistência de certeza.Por exemplo,

a palavra vida.
Existem outras, e a palavra amor é uma delas,
que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda

esfregar e bater insistentemente na pedra,
depois de enxaguar em água corrente.
São poucas que resistem a esses cuidados,
mas
existem aquelas.
Dizem que limão e sal tiram sujeira dificil, mas nada.
Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão.
Mas nunca vi palavra tão suja como perda.
Perda e morte na medida em que são alvejadas
soltam um liquido corrosivo, que atende pelo nome

amargura, que é capaz de esvaziar o vigor da língua.
O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho
em um amaciante de boa qualidade.
Agora, se você quer somente aliviar as palavras

do uso diário, pode usar simplesmente sabão em
pó e máquina
de lavar.
O perigoneste caso é misturar palavras que mancham
no contato umas com as outras. Culpa, por exemplo,
a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre

alvejada sozinha.
Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo,
já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva,

pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da
palavra amizade.
Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.
Outro cuidado importante é não lavar demais as

palavras sob o risco de perderem o sentido.
A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva,
produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.
Muito importante na arte de lavar palavras
é saber reconhecer uma palavra limpa.
Conviva com a palavra durante alguns dias.
Deixe que se misture em seus gestos, que passeie

pela expressão dos seus sentidos.
À noite, permita que se deite, não ao seu lado,

mas sobre seu corpo.
Enquanto você dorme, a palavra, plantada
em
sua carne, prolifera em toda sua possibilidade.
Se puder suportar essa convivência até não mais

perceber a presença dela, então você tem uma
palavra limpa.
Uma palavra limpa é uma palavra possível.


Viviane Mosé é psicóloga e psicanalista, especialista em “Elaboração e implementação de políticas públicas” pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestra e doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, site: www.vivianemose.com.br)

2 de março de 2010

MARIA-VAI-COM-AS-OUTRAS, EU? (Vários autores)


UMA REFLEXÃO SOBRE AUTONOMIA
Reflito diariamente nesta força social que envolve as pessoas e as empurram para caminhos um tanto questionáveis, onde não se sublimam frustrações e carecem de originalidade.
Não estou aqui para julgar a miséria humana, pois que tento de alguma forma achar um entendimento para certas ações. Mas, como elemento integrante do mundo, não posso colocar-me fora dele. Portanto, sou uma observadora das atitudes humanas.
Certo dia, ouvi sobre a origem da expressão “Maria-vai-com-as outras, e por trás deste termo existe uma história real mesmo que acabou por força popular a tomar corpo muito mais complexo dentro da psiquê humana.
E aproveitando as várias leituras que fiz tentei montar uma reflexão sobre este tema inquietante, até mesmo surreal, eis um apanhado sobre o tema:

“Quando você chama alguém de “maria-vai-com-as-outras” está dizendo que a pessoa não tem opinião própria e, por isso, segue a vontade de outros. Mas, afinal de contas, quem foi essa primeira sonsa? De acordo com o pesquisador Brasil Gerson, autor de História das Ruas do Rio, a expressão tem origem no início do século 19, com a vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro. A mãe do rei João VI, a rainha Maria I, costumava passear às margens do rio Carioca, no antigo bairro de Águas Férreas. Acontece que Maria I era conhecida por sua maluquice (manifestada após a morte do filho e da Revolução Francesa), tanto que era tratada como “A Louca”. Como ela ia passear levada pelas mãos de suas damas de companhia, o povo dizia: “Maria vai com as outras”. (Por Ernani Fagundes)
“Mas o povo é observador, e por isso enxerga, avalia e comenta o que acontece com as pessoas, sejam elas nobres ou plebéias. Sendo assim, a cada vez que a rainha passeava pelas ruas da cidade cercada pelas inúmeras acompanhantes, os que a viam diziam simplesmente “lá vai a Maria com as outras” , porque sabiam que a nobre dama circulava pelas redondezas do palácio imperial fazendo somente o que suas damas de companhia permitiam. E assim surgiu a expressão “maria-vai-com-as-outras”, que foi se tornando cada vez mais conhecida até passar a ser empregada para indicar pessoas sem convicção do que fazem, sem vontade própria, ou até mesmo sem coragem para defender suas idéias, suas opiniões e seus posicionamentos. (Por Fernando Kitginzer Dannemann)

...Quem não conhece alguém que só repete aquilo que ouviu os amigos falarem, muda de opinião só para atender às expectativas do grupo ou defende com unhas e dentes posições tomadas pelos colegas ainda que, lá no fundo, discorde delas? Essas pessoas não se comportam assim com más intenções. Elas não querem “roubar” as idéias dos amigos ou concordar com tudo que é dito pelo grupo por não terem opinião própria. No fundo, elas têm muito medo do que pode acontecer se elas não agirem como os outros. Para elas, é muito difícil defender um ponto de vista ou contrariar as pessoas de quem gostam. Em alguns casos, esse medo tem a ver com a possibilidade de perder o afeto dos amigos; em outros, o que está em jogo é a insegurança sobre os próprios valores (“Será que o que eu gosto é bom mesmo ou estou por fora?”). Lutar por aquilo que se acredita requer um aprendizado longo, que começa na infância e nem sempre é fácil para todo mundo. Essa, talvez, seja a principal dificuldade da pessoa chamada de maria-vai-com-as-outras. No entanto, superá-la é muito importante. Fazer conquistas, realizar sonhos e transpor obstáculos requer que a pessoa se sinta segura do que quer e pronta para defender suas crenças e valores. Essa aprendizagem pode começar nas pequenas coisas, como na decisão do que fazer no sábado à noite, mesmo que os amigos discordem do programa sugerido, e deve se estender para outros campos, como a definição do que quer e do que não quer para seu futuro e do que gosta e do que não gosta. Só assim, a pessoa poderá desenvolver seu senso crítico e sua capacidade de fazer escolhas conscientes, aceitando o que considera bom para si e rejeitando o que não lhe convém. Isso se chama autonomia. E, por falar nisso, como anda sua autonomia?
Andréia Schmidt - Site: http://www.portalpositivo.com.br/

1 de março de 2010

SALMO DÉCIMO TERCEIRO (Cacau Loureiro)


Pai de misericórdia, eu tenho assistido aos teus milagres
e não tenho como agradecer as bênçãos que tens derramado

em minha vida, por isso bendigo o teu nome!
Só espero em ti Senhor, pois que há muito não confio mais
nos homens e só em ti eu asilo-me e consolo-me. Porque
a superfície e o profundo dos homens se equiparam em
estreiteza e futilidades. Contudo, os homens passam,
assim como os seus valores volúveis e só o teu verbo
permanecerá.
Estive face a face com os lobos e sei que eles querem
o sangue que provém do cordeiro de Deus, eles preferem
a carne exposta dos teus fiéis devotos, mas tu oh Pai
sempre me foste escudo e broquel.
Busquei a paz e a justiça e conheci a ira dos impiedosos,
assim, as minhas lágrimas lavaram o meu próprio coração
e o prepararam para uma nova semeadura de fé em teu
nome e em tua honra.
Os torpes verão a minha transformação, posto que em tuas
mãos oh altíssimo, eu sou águia altaneira desbravando os teus

rincões, eu sou montanha divisando o mar dos desenganos
para em teu rio de brandura requerer o teu fresco batismo.
Sob as tuas asas oh, Pacífico não tenho medo do combate
porque antevejo o laurel daqueles que lutam por teu santo
nome e não há flecha que me fira, não há dor que me assombre,
não há impostor que eu tema porque tu oh Deus meu és meu
estandarte e flâmula para todo o sempre.
Andei em meio ao acampamento do inimigo e jamais contaminei
a minha alma, pois que teus anjos foram-me guias.
Que eu permaneça Senhor sob o teu pendor de crédito,
pois que a raça humana anda a deriva e eu já caminhei
de vendas na malta dos cegos de espírito e tu protegeste-me
para que eu não sucumbisse ao abismo. Por isso te dou
glória, por isso entoo hosanas.
Eu fito a minha seara e ainda me sinto digno, posto que
nunca corrompi a cousa alheia, mas dei meu suor e meu
sangue àqueles que nunca me foram adequados porque
os aviltadores não trazem valores de berço, desconhecem
Pai a tua dignidade.
Eu conheço a minha mãe e o meu pai, eu reconheço a
minha prole e sei que a essência do bem vive neles,
ouça Deus meu o meu cântico porque meu espírito anda
aliviado e o meu fardo hoje é leve por tua generosa permissão.
Ouça meu Deus o meu salmo de fé e graças por teres tirado
do meu celeiro o fruto apodrecido e também arrancado do meu
pasto toda a erva nociva. Graças a Deus!