PENSAMENTO DO DIA

"A arte, meus amigos, não é um espelho do mundo, é sim, uma ferramenta para consertá-lo." (Vladimir Maiakovski)

REFLEXÃO

"Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. (Drummond de Andrade)

5 de setembro de 2024

CÃNTAROS (Cacau Loureiro)


Cantigas, cânticos, louvores, cantares!
Assim a vida vai perfumando os espaços, vai
também, como grãos do trigo germinando nos
guetos... E me nasceu um dia novo, irrompeu do
meu peito e como criança balbuciou os primeiros
sons... evoé, evoé, evoé!...
Bateu-me o sol no rosto e a luz banhou minha
alma traçando à frente, a trajetória das alianças,
das leniências benditas.
Há na natureza a brisa leve que me eleva além
dos contratempos do destino, aos sons do mundo
eu danço a coreografia dos pássaros que vão ao
carinho dos ventos numa amplidão de paisagens
que nos fazem diminutos ante a grandeza da criação.
Há um hino que desperta os milagres, presta atenção
aos sinais, há renascimento por todos os lados,
transições do homem ao prodigioso, elevação das
energias maiores que curam e salvam.
A alegria é semente que se espalha com a gratidão,
colhamos, portanto, os frutos da felicidade...
Há cântaros que sobejam água, óleos e perfumes,
sejamos e estejamos atentos ao sagrado em nós.
Amar, é elevar-se aos céus estando na Terra!...

4 de setembro de 2024

SOL MAIOR (Cacau Loureiro)

 

Todas as canções que ainda hei de

ouvir tem tuas rimas, som digital em

alto e bom tom como suas risadas

espontâneas de alguém que é real.

E a tua realeza está em tuas mãos

que regem os corais de meiguice em

notas de sândalo e tons de brancos

lírios que me devolveram a paz.

Há cifras desenhadas em aquarela

nos quadros que a vida ainda haverá

de pintar, mais belos, mais bonitos.

Mas, eu quero viver todas as promessas

contigo!...

Porque nos encontros das estações,

tecemos caminhos, escrevemos as

mais belas melodias, árias dos afetos

para louvar a existência, fazer jus ao

Criador, refrões para a imortalidade.

Há uma balada que conduz minhas

inspirações, poesia em ritmos de Sol

Maior nas pequenas coisas do dia a dia,

e, também, nos pesares do viramundo...

Que eu seja Sol Menor para que teu

dom maior para todo o sempre brilhe!

3 de setembro de 2024

CIRANDEIRA (Cacau Loureiro)

Em tuas mãos as arandelas de flores perfumadas,
coloridas pelo arco-íris dos teus olhos que me é
farol, guiando-me feito elevada lua, luzeiro que rasga
o negro cosmo numa iluminação de amor em
juramentos d’alma...
Em teu regaço onde me deito, a ciranda ritmada
faz-me vibrar da cabeça aos pés...
É a dança das rosas nas fitas abençoadas da
padroeira, cadenciando os ventos alvissareiros
dos milagres, andor em cortejo de sagração pelas
ruas que se abrem ao meu espírito viageiro no
perdido tempo das eras passadas.
Há um elo valoroso guardado por trás das Três
Marias, lá onde cintilam desejos, lá onde se
realizam as votivas, farol a acender as madrugadas
de fascínio enquanto crianças dormem sossegadas.
Alço os braços no bailado desta dança para a qual
me convocas, em cerimonial dos amores fiéis, festejos
de almas em cruzeiro de chamas cálidas, fundindo
emanações etéreas aos raios de sol que me adentram
o sagrado e iluminam-me as crenças por ti aromatizadas,
olor de incensos que me penetram narinas e poros
fazendo esta nova vida encantada.
Em tuas pequenas mãos, joias raras esculpidas em
valiosas ágatas... rosário de preces em gemas
multifacetadas. Mas, em teus anelos, ah! Cirandeira!
“...A pedra do teu anel brilha mais do que o sol...”

BENDITO (Cacau Loureiro)

 

Caminhos e estradas longínquos...

As rodas no asfalto também aceleram

o meu coração pressurizado.

O fumê das janelas, o âmbar dos teus

olhos constroem as paisagens mais

bonitas nesta viagem ao quântico,

paragens dos bons haveres.

Com quantos quilômetros se visita

uma saudade, se conhece o poder

de uma presença?!

A tua aura vibrante, o teu sorriso

luzente traz-me a madrugada em

alvorada de tantas luzes, pois, há

também um alvorecer dourado em meu

peito onde vibram cânticos litúrgicos

que se propagam como odes ao divino.

De nós ascendem rogativas aos céus, em

orações singelas, em vibrações de quem

transmutou o vinho da alma em pura paz.

Faróis na noite me adentram distâncias,

pistas sem rumos, curvas sem placas...

Contudo, tecem-me avenidas largas.

E os sinos tocam nos templos do bem,

guiando-me às catedrais onde ecoam

as vozes dos anjos... onde se agitam

os passos dos homens, onde renascem

as almas eternas, onde se ajuntam as

mãos do destino para que se possa

bendizer o amor!...