Preciso de tempo para assimilar
todos os golpes, para aguentartodos os assaltos...
O suor inunda os meus olhos, o
seu sal me queima a alma;
no sufoco eu reprimo a ira.
O inimigo diante das vistas, os
meus braços ao longo do corpo.
Os meus punhos doloridos, o meu
espírito exausto.
Em síndrome apoplética desfigura-se
minha postura atlética... estática,
atônita eu ainda golpeio a minha
face mais oculta. Recosto-me uma
vez mais nas cordas poéticas, pois,
quadrilátero é o ringue da vida!...
Teus lábios, lona fina fantasmagórica...
Não sei se desfaleço ou morro por
segundos... tecnicamente não me
entreguei ao nocaute.
Eu sei sobre o peso do mundo em
minhas costas, tuas mãos como
luvas não me libertam os dedos
da dor torturante, meus gemidos
não têm respostas, o meu rosto
no piso ondulante, ao longe o soar
do gongo; o ar, a água é como gole
abrasivo que a minha garganta resseca.
No último instante, ao derradeiro golpe,
eu desperto, um filete de esperança
subsiste, reveste-me.
Hauro o fio de vida que me resta, penso
no tênue laço que a esta terra nos prende...
levanto os olhos, alço para os céus minhas
mãos como asas...
Transponho as grossas cordas do medo,
vislumbro a multidão que grita...
Algo em meu peito se agita... estou de pé,
refeita, pronta novamente pra luta.
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