À beira de trilhos sem fim, anjos caídos
seguem para lugar algum...
Por que olhamos e não os vemos?!
Apressados passamos ante a desesperança
que também nos habita.
Homens teus, oh Pai que seguem sem rumo,
abandonados pela pseudo ordem urbana social.
Jovens, quase crianças vivendo uma guerra onde
não sabem o que combatem, não reconhecem
sequer os seus iguais.
A fumaça a turvar seus olhos e suas sortes,
não há luz no fim da estrada... quiçá pensaremos
em futuro.
O pequeno fogo que consome tudo, tragando
toda felicidade e também o direito de florescerem.
Onde estarão os homens sãos que ora cegos não
divisam as estações perdidas, os becos onde se
enterram as almas vivas?!
Hoje os semimortos gritam mais que os insanos,
vejo zumbis como mecenas da humana miséria.
Homens tantos ao léu, não há céu para os viciados
da tristeza que sobressaltados permanecem nos
lúgubres recantos da cidade alerta.
Haverá céu para os investidores das desgraças,
para os investidos de poder, para os necessitados
de justiça?
Ah! Meninos, jamais saberão maturidade...
Ah! Meninas, jamais entenderão maternidade...
Existências suspensas como cavaletes eleitorais
representam a moderna crucificação dos mártires
pois, parede negra é a política brasileira, a carta
magna dos boçais.
Lealdade, segurança... Tateamos, nada achamos,
quando levantaremos os mortos que ocultamos?!
Sigamos como à dois mil anos, cegos, surdos,
absortos o calvário da omissão que nos assola.
Vielas, viadutos, barracos, esta é a tela morta
que pintamos.
Na animalidade em que vivemos, onde houver
túnel fechado, haverá mães chorando, corrupção
ativa e vidas expostas, suprimidas. Mas, ainda
velozes passamos, e lá bem ao fundo da poluição
visual que nos tornamos, eu leio:
“Amor, palavra que liberta!...”