
Nestas horas que alongo os meus dias frios
eu aqueço o esquecimento...
O vento passa gélido e veloz através das
folhagens de um outono morto num beijo de
morte em futuro fruto maturado em vão.
As mórbidas estações fendem o destino das almas,
alteram as rotas das marés e os rumos dos trilhos.
O sol que sempre brilhara no fim da estrada,
apagou-se; não há apogeu para sentimentos parcos,
para os frágeis laços tecidos em indiferença.
Vestígios de belos gestos dissolveram-se na areia
movediça das insanidades, sucumbiram ante as
águas fartas dos extraviados amores.
Faltou dizer, faltou fazer, faltou sentir, faltou saber,
faltou olhar e perceber que um seio egoísta adoece e
morre...
Há partículas de homens suspensas no vento, num
tempo que lhes despiu do amor em um mundo perdido
em outono morto!...