Vai alto o sol da primavera,
erguendo-se como arcano flamejante
que vigia destinos.
Arde como as distâncias entre mundos
e como os amores inacabados
que sussurram através dos véus
da vida que não cessa.
A brisa ancestral enverga as flores
nos jardins dos homens justos,
trazendo antigos presságios.
O amor puro fulgura como ouro filosofal,
pois amar é morrer para o velho
e renascer do próprio fogo para o renovo,
traçando no éter os mapas ocultos
do autoconhecimento, sabedoria eterna.
Refaço minhas asas...
aprendi com as andorinhas
o rito do retorno, e com a fênix,
o renascer nas montanhas
onde o sonho é matéria viva.
Ancoro-me ao presente,
nenhum fantasma do passado
me reclama agora,
pois minha jornada
é de cura, metamorfose
e transmutação.
Aspiro os ares da verdade…
vento oracular que não fere,
mas inicia e purifica.
E compreendo que a grande obra da vida
não é a perfeição,
mas a arte sutil
de moldar os amores imperfeitos,
fazendo das feridas portais,
das cicatrizes aprendizado,
e dos sentimentos humanos espirais,
eflúvios do bem ascendendo à eternidade.

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