PENSAMENTO DO DIA

"A arte, meus amigos, não é um espelho do mundo, é sim, uma ferramenta para consertá-lo." (Vladimir Maiakovski)

REFLEXÃO

"Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. (Drummond de Andrade)

31 de janeiro de 2024

BEIJA-FLOR (Cacau Loureiro)

 

Meu coração partiu do antiquado como as areias ao

bel prazer das borrascas, assim, como nos desertos,

devemos ficar o ciclo necessário... pois, escaldantes

dias, friorentas noites.

O tempo e o vento avelhantados, mortos, desbotados...

E eu divisei uma brilhante estrela num céu de negrume

intenso e de ferozes tempestades... e assim a luzidia eu

segui, porque facho de luz é a esperança... a de que

merecemos o melhor que há na Terra, porquanto, nos

ligamos ao sagrado com a força da renovação em coragem

para encarar o real que somos ou queremos nos tornar.

Lá onde a brisa dos novos sonhos resolveu refrescar,

eu abri as janelas do seu olhar... e o alísio me lançou as

toadas dos grandes enlaces, das doces melodias que

refazem os espíritos combalidos em nobres amores.

Lanço fitas no ar, faz-se canção em meus ouvidos,

há ritmo em meus pés e rimas em meu coração.

Entre os coloridos das saias rodadas onde te danço em

promessas e nas curvas do teu corpo, eu descortinei tua

alma vasta, honesta, colorida, bela.

Nesta cantiga de roda eu bailo na ciranda da rosa vermelha,

também, nas das flores amarelas onde o teu sorriso é cravo

branco que bem me cheira a bem-me-quer... Vem beija-flor!

dá-me um beijo que eu te entrelaço em meu abraço!...

 

RUTILANTE (Cacau Loureiro)

 

Eu sigo pela vida achando caminhos, as

vias nítidas do sei que nada sei...

Passado cruzando os meus lumes, mas,

ainda, sorrindo eu sigo nos trechos dos teus

olhos que me veem como eu sou...

As tuas mãos abertas mostram-me as

clareiras da vida que me levam ao

encontro das flores perfumadas, exalações

vitais das almas afins em emanações que

o tempo de aprendizado pousou em teus

cabelos, e beijou os teus labelos com afeto,

cuidados em hálito de devoção...

Ah! Há a fluidez límpida que me compõe o

teu riso refrescante, corrente onde mergulho

anseios... borbulham prazeres.

Rumos claros, águas claras onde te amando

eu sigo... E assim, eu vou... passam os ventos

da primavera, mas, permanecem teus eflúvios

como um sol que deixa o meu espírito em êxtase,

e faz perdurar a chuva que me limpa as lágrimas

doridas... e resiste o vento forte que me traz a

fragrância bonita da vida que resplende em ti!

19 de janeiro de 2024

ÚBERE (Cacau Loureiro)

 

É preciso dizer que eu te amo, não na esfera

dessas três palavras, eu te amo... seria pouco

resumir o que por ti nutro no âmbito do verbo simples...

Eu, como poetisa busquei apreender o amor nas

canções do mundo, nos sons da natureza, no ritmo

dos caminhos de tantos afetos... nos saberes do vento,

do sol, da chuva. Mas, nada se compara quando tu me

vens sorrindo radiante com as flores da existência nos

braços, com o fulgor da vida nos olhos, com as

promessas divinas em teus gestos, em tuas mãos...

E eu vim correndo pelas margens dos rios que me

nasceram de tua essência bela, úbere, guiada pelas sedas

de tuas vestes sublimes, em azul pari passu com o céu.

Em tua clara tez eu mergulho nos rumos que só os

grandes mares me levariam... singrando as águas

profundas do ser a nos buscar através do que somos.

E eu vejo tanto neste horizonte a que me destinas,

miragem onde inocente eu brinco de ter sorte, onde

o passado como areia fina a lufada levou.

A mão do destino pousou em meu peito, acordou-me

para o tempo, a estrada, o sonho...

Ah! Eu vim correndo para te dizer que te amando eu

vou, no voo do vento lépido que toca os teus cabelos!... 

18 de janeiro de 2024

CONDUZ-ME (Cacau Loureiro)


E o tempo abriu-se... e fez subir o sol...

Doravante, há um caminho iluminado a seguir.

Alegria estampada no rosto, palavras plasmadas

na alma, tecendo manhãs ensolaradas e tardes

prateadas, tão repletas de ti.

Há um bem querer salivando na boca, alinhavado

nos beijos que nos nascem da saudade, nua como

tu, em cheiros e odores raros, liquefeitos.

E o teu calor me bronzeia a pele com as cores de

um pôr de sol encantado... lentas horas que me

presenteiam com as tuas noites belas, com o teu

sorriso que me atravessa de ponta a ponta, liga-me

ao céu estando na terra.

E os teus olhos me brilham criando respiros

profundos onde tez e músculos são revigorados,

moldados num amanhã perfumado de tantas

vontades... de não partir, de nunca mais olvidar

de tuas linhas, de teus matizes, em policromia de

sentimentos que irrompem universos, em caos

onde se originam planetas, moradas das afeições

humanas, mas, também, viagem para os grandes

e inesquecíveis amores... Eu te vejo, cadente no

infinito azul como estrela que se move em mim...

Conduz-me, pois...

Leva-me contigo!...

11 de janeiro de 2024

OLÍBANO (Cacau Loureiro)

 

Eu me insinuo por entre suas pernas... abraços

repletos das texturas das sedas, onde tuas

mãos semeiam amor com cuidados!...

Há um plantio de afeto nos quintais do tempo,

nesse tempo que nos é presente, pois, a arte

de amar é semente generosa... erva curativa.

Cálice, corola, estames e carpelos a me

completarem o florescer das venturas.

Sou sonhadora em teus olhos abertos que me

clareiam as sombras, afastam as pedras dos

meus padeceres sombrios.

Há um solo fecundo fazendo germinar uma

claridade entre as flores da primavera que

me nasceu depois de tuas cores várias, dos

teus matizes nobres e que me deixa iluminada

como fanais nos sete mares da vida, como a

a fusão das sete cores do arco-íris.

Há uma luminescência que atravessou o meu

eixo, fez-me ver que me infundir em seus olhos,

é como aromático azeite, óleo essencial de cura,

é bálsamo-tranquilo!...





9 de janeiro de 2024

LUAR DE SOL (Cacau Loureiro)


As ruas da cidade atravessam o meu peito, e me

trazem um luar de melancólicas canções mágicas e

faz soar em meu coração a saudade de tuas vias

marginais, sensoriais e pródigas...

Os teus olhos como um sol abrasa a minha pele,

esquenta estas noites de ti tão estreladas e faz

assim surgir a aurora boreal em sabores inarráveis,

espraiando em meu céu da boca as tuas amplas e

densas águas...

Eu vejo um pôr do sol entre as cortinas do teu repleto

riso onde a lua se esconde querendo aparecer em teu

bonito rosto, mesclando as estrelas e o firmamento lauto

e monta este cenário de vida e de abundância...

E a noite me molha a boca com orvalho desse tempo lento

fazendo-me adormecer em teu abraço vasto e forte quando

o luar de sol me deita no teu beijo!

8 de janeiro de 2024

SITIADA (Cacau Loureiro)

Eu abracei a saudade com respeito, nesta vida não há

nada que se possa dispensar...

Nas ondas desses mares que me fizeste conhecer, suas

ondas bateram em meu peito, em minha verve sedenta

desta viagem de caminhos luminosos em teu singular por

de sol... onde a prateada arrebentação agora, de fato, me

apresenta o satélite que pousou em teus olhos e mareou este

meu coração circundado de pedras... das conchas vazias e de

barulhos imensos que me ensinam a música do teu universo

risonho, criança grande de sonhos.

Horizonte e águas salgadas são tão próximos, amigos irmãos

marinheiros das distâncias, navegantes do além mar...

Há uma cantiga a ressoar em meus ouvidos onde o vento cria

seus ritmos em meu rosto, em minha pele, em meu corpo.

Eu deposito oferendas neste oceano de apegos, por onde todas

as canções da areia são versos para ti... e há as flores perfumadas

que correm para os teus braços, e há os ramalhetes de afeto que

me levam ao teu calor, às tuas águas ardentes, candentes, cheias.

Avisto o céu neste silêncio-solidão da lua, lá há apenas uma estrela

que me traz o teu sorriso estrondoso como fogos de artifício em noite

de festivo réveillon.

Profundos são os caminhos dos espelhos d’água que intercalam

mergulhos e transições do tempo nas águas revoltas das lembranças...

A esmo eu ando morrendo de saudade, ando correndo dessa sitiada

cidade indo ao encontro a ausência que me lava a cara, não a alma...

Tantos verões adormeceram em mim pra te acordar em saudades,

num futuro que já despertou em meu ser a tua presença agora

inesquecível!