Mil verões adormecem em meu peito...
Pois que um vento forte invadiu minha estação
quente, e doravante sigo o caminho morno de
quem espera.
Nuvens ajuntam-se tenebrosas prometendo
temporais que varrerão o tempo passado, porque
só a vida me é presente.
A marcha das represadas lágrimas não há como
conter, então, eu deixo vazar as angústias,
professo em outras esferas.
Caminhos de pedras movem-se ante as águas,
não há o que permaneça incólume perante
a força da mudança iminente.
Meus versos propagam-se em silêncios
dolorosos, ecoam em noites solitárias, não
têm rima, e, no entanto, melancolicamente
ritmados estão por vazias alvoradas.
Ante o tempo nada é permanente, assim
como nenhuma noite é eterna...