PENSAMENTO DO DIA

"A arte, meus amigos, não é um espelho do mundo, é sim, uma ferramenta para consertá-lo." (Vladimir Maiakovski)

REFLEXÃO

"Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata. (Drummond de Andrade)

20 de fevereiro de 2011

CALIGINOSO (Cacau Loureiro)


Mil verões adormecem em meu peito...

Pois que um vento forte invadiu minha estação

quente, e doravante sigo o caminho morno de

quem espera.

Nuvens ajuntam-se tenebrosas prometendo

temporais que varrerão o tempo passado, porque

só a vida me é presente.

A marcha das represadas lágrimas não há como

conter, então, eu deixo vazar as angústias,

professo em outras esferas.

Caminhos de pedras movem-se ante as águas,

não há o que permaneça incólume perante

a força da mudança iminente.

Meus versos propagam-se em silêncios

dolorosos, ecoam em noites solitárias, não

têm rima, e, no entanto, melancolicamente

ritmados estão por vazias alvoradas.

Ante o tempo nada é permanente, assim

como nenhuma noite é eterna...

16 de fevereiro de 2011

SOMMELIER (Cacau Loureiro)


As frutas trazem acidez à minha
boca, na mesclagem das dores
vislumbro minha maturação.
Vejo-me aprendiz num mundo
onde professores são escassos,
aromas diversos na arte de viver.
Se todos partilhassem em espírito,
é cruel, mas o se não existe.
Para que adiar a magia do momento?
Como espuma branca ela pode se
diluir no ar.
Degusto a tristeza, a alegria, mas,
nada, nada impedirá que eu sorria.
Em vivaz embriaguez, tomo-te rosto,
mãos... lábios... tez...
Sinto o gosto do que jamais provei!
Mesolagem cutânea, sabor frutado
e furtado em acidez.
Meu corpo é bolha flutuante, o que
traz legitimidade ao meu coração.
Bebo-te em meu cálice na síndrome da minha libação.

6 de fevereiro de 2011

SOANTE (Cacau Loureiro)

Há um caminho florido para os que precisam de amor, para

os que sabem amar... Como o sol se levanta todos os dias eu

lanço sementes nos jardins dos homens nus, na seara dos

corações simples, no recôndito das almas boas.

Sempre quis cantar esta canção que se forma agora em

meu peito, hoje eu canto sem o peso do passado, sem as

lembranças que feriram, porque sei que há sempre um sinal

luminoso no ocaso das despedidas que ilumina um novo

amanhã para aquele que dá o seu coração como dádiva.

Assim como asas, os sentimentos também voam intentando o

céu, este firmamento de todos nós feito ainda de orgulho e egoísmo.

Mas, as pedras têm seu tempo de passagem e de permanência

no caminho.

Minha estrada é feita de lírios e de sons que só o meu coração

sabe perceber, quisera eu a partir de agora repartir a sonata que

me empolga e entusiasma para a vida...

Que os sinos desta canção que me move hoje possam acordar os

corações daqueles que adormeceram ante as decepções do mundo!...


4 de fevereiro de 2011

JUSTIÇA, FOGO CONSUMIDOR (Cacau Loureiro)


Há no coração do ser humano a centelha da fé,
bem aventurado é aquele que crê sem precisar ver.
Contudo, a justiça do Homem estagnou-se, vendeu-se
por parcas moedas.
Onde estarão os verdadeiros homens de bem, pois
que não ouço mais suas vozes clamando pela
conformidade do que é direito?!
Os bons de coração enxergam, sabem que em breve
chegará o tempo da regeneração de todas as coisas.
Advirá pelas mãos do Justo o fogo consumidor e tornará
as coisas retas, os sentimentos puros, fará cair todas
as máscaras. Não há mais como assistir este espetáculo
de desmandos e corrupção.
Temos sido omissos, e isto hoje, talvez, seja o nosso
maior pecado capital. Por que nos falta a coragem
para pleitearmos sem medo o que nos é de direito e
correto?! Porque não confiamos. Façamos nós a
transformação do interior para o exterior.
Para mudarmos a trajetória de nossa espécie é
preciso coragem de reconhecer nossos erros, e isto
será nosso resgate do abismo de “nadas” que criamos,
do vazio torpe no qual vivemos. Estamos de passagem
e vivenciamos ferozmente o materialismo exacerbado
de todas as eras. Mudemos nossas rotas, façamos
nossas orações, mas que não nos falte a ação contundente
da mudança.
O Mestre amado jamais deixou de ser corajoso e
negamos mais vezes o Cristo que o próprio discípulo
temeroso, abandonamos o Mestre no Jardim das Oliveiras
tantas vezes, quem de Vós vigiará com Ele?!
Permaneçamos com a espada na bainha, visto que o
sacrificado pregou o amor sobre todas as coisas, pois,
queres coragem maior do que amar sobremaneira?!
Mas, que a justiça do Pai Maior seja nosso eterno fogo
consumidor, o mesmo que faz arder em nós a essência divina.