Ouço as sereias mar além...
As vozes femininas da natureza são belíssimas,
pois há uma ternura intrínseca da fêmea fértil
que nos leva nos enleios de raros ventres... que
geram o fôlego e que foram feitos para sempre,
serem livres.
Como acomodação singular da Mãe Terra para
aqueles que buscam abrigo à luz do fogo dos
amores que jamais se apagam...
Os lemes singram novos caminhos onde o único
destino é o aprendizado nas rotas das despedidas,
tecituras dos lenços brancos do adeus...
Haveremos de olhar para trás, lavado o rosto em
água e sal e enxugado nas lembranças que insistem
em escrever a poesia das despedidas, momentos
que nunca partirão, de fato, do embarcadouro.
Na vista alta ante o mar negro, as estrelas são como
chuva a serpentear o meu corpo nas águas bravias
dos desfeitos laços, bramante o oceano, bramante o
meu desejo!
Contudo, lassos, o meu corpo e a minha mente buscam-te
nas nuvens densas que povoaram o meu passado,
naufrágio e deposição de areia são minhas memórias.
Mas, a aurora vem forte na proa e me obriga a enfrentar
a maré alta da existência...
Quando a baixa mar me mostrou o largo horizonte
percebi que na preamar da vida, somos nós a lua e o sol...
O sol e a lua a prantear no cais!...